Economia

Nasce a 8ª maior petroquímica

Incorporação da Quattor pela Braskem, um negócio de R$ 870 milhões, cria gigante em resinas plásticas na América Latina e monopólio no país. Petrobras detém 40% do capital

postado em 23/01/2010 12:29
A Braskem anunciou ontem a incorporação da rival Quattor, em uma operação que cria a maior petroquímica da América Latina. A empresa fará um aumento de capital de até R$ 5 bilhões, com garantia de aporte de R$ 3,5 bilhões pelos dois principais sócios, Odebrecht e Petrobras. "No ranking global, ficamos entre as 10 maiores petroquímicas, precisamente em oitavo lugar", disse o presidente da Braskem, Bernardo Gradin, que continuará no comando do grupo. O executivo não informou o montante das sinergias previstas pela união das empresas. Indústria petroquímica: escala para competir no mercado mundialSegundo ele, a Braskem segue em busca de ativos no exterior, especialmente na América do Norte, para compras. A aquisição da Quattor vinha sendo costurada há meses e esbarrava em questões societárias por disputas na família Geyer, que detinha o controle da empresa por meio da Unipar. Pelo acordo firmado, a Braskem vai adquirir 60% das ações ordinárias da Quattor que pertencem à Unipar por R$ 647,3 milhões, além de assumir obrigações com o BNDESPar, braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No total, o negócio envolveu R$ 870 milhões. A Petrobras detém os 40% restantes do capital votante da Quattor, que serão repassados à Braskem em troca de ações de sua emissão para a estatal. Com a Quattor, a Braskem terá uma capacidade de produção anual de 5,5 milhões de toneladas de resinas plásticas em 26 fábricas, praticamente um monopólio no país. Cade Apesar do domínio no mercado, o vice-presidente financeiro da Braskem, Carlos Fadigas, descarta dificuldades de aprovação do negócio pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade). Segundo ele, nos processos de formação tanto da Braskem quanto da Quattor, originadas pela união de vários ativos petroquímicos, o órgão entendeu que se trata de uma indústria que compete em escala global. "O mercado é mundial. Não há motivo para se falar apenas de market share no Brasil", afirmou. Como parte do processo de compra da Quattor, a Braskem fará um aumento de capital de R$ 4,5 bilhões a R$ 5 bilhões para reforçar sua estrutura de capital e manter a flexibilidade financeira da petroquímica. A Odebrecht se comprometeu a entrar com R$ 1 bilhão e a Petrobras, com R$ 2,5 bilhões. O preço de emissão das novas ações foi determinado em R$ 14,40 e os minoritários terão assegurado o direito de preferência de subscrição. Considerando que o aumento de capital da petroquímica fique no centro da faixa estimada, a Petrobras terá, após toda a reorganização societária, 40% do capital votante da Braskem, segundo Fadigas. Nesse cenário, a Odebrech ficaria com 36% do capital total e a Petrobras, com 34%. Atualmente, a Odebrecht possui 38,4% do capital total da Braskem e a estatal, outros 25,4%. Seja qual for o volume final do aumento de capital, a Odebrecht ficará com 50,1% do capital votante da Braskem, assegurando que a petroquímica continue sob controle privado. Dívida O vice-presidente financeiro da Braskem afirmou que atualmente a dívida líquida de Braskem e Quattor juntas é de cerca de R$ 13 bilhões. Se o aumento de capital atingir o máximo previsto, a volume cairá para ao redor de R$ 8 bilhões. Conforme Fadigas, a Braskem terá em caixa, após o aumento de capital e a incorporação da Quattor, dinheiro suficiente para quitar as dívidas do grupo com vencimento nos próximos dois a três anos. Aplicação As resinas são produzidas a partir de insumos básicos como o eteno e o propeno. O produto serve para a fabricação de embalagens, brinquedos, componentes automotivos, utilidades domésticas, peças para eletroeletrônicos e construção civil - entre uma infinidade de outras aplicações - e representa a terceira etapa da cadeia produtiva do petróleo.

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