Economia

Importância do fórum de Davos despenca

postado em 27/01/2010 09:07
Em meio a confrontos com o setor financeiro, aumento quase generalizado do desemprego e desorientação dos governos sobre até quando manter os estímulos fiscais que hoje sustentam a economia, começa nesta quarta-feira (27/1) um esvaziado Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), em Davos (Suíça). Os momentos de celebração da opulência nas nações desenvolvidas ficaram definitivamente para trás. Na sua 40; edição, o Fórum beira a irrelevância. Com a ausência de alguns dos mais importantes líderes políticos mundiais, o WEF vai ser, mais do que nunca, um ambiente de muita conversa e nenhuma decisão. Na prática, foi substituído pelo G-20 (19 maiores economias e a União Europeia) como órgão de formulação de propostas concretas para o crescimento.

;O Fórum não acabou, mas é muito menos importante do que foi anos atrás, no tempo das vacas gordas. Neste ano, os participantes não terão muito o que discutir porque as reformas para combater a crise e recuperar a capacidade global de crescimento estão sendo negociados no G-20. Além do mais, está todo mundo olhando para o próprio umbigo, tentando resolver seus problemas econômicos internos;, avaliou Simão Davi Silber, professor de economia internacional da Universidade de São Paulo (USP). Já em 2009, o Fórum havia despencado do topo para o quarto lugar na lista de eventos mais concorridos entre executivos das grandes empresas. A campeã foi a cúpula financeira organizada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton.

Entre outros, devem faltar ao encontro deste ano os líderes Barack Obama (Estados Unidos), Gordon Brown (Grã-Bretanha), Angela Merkel (Alemanha) e Yukio Hatoyama (Japão). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai passar só três horas em Davos(1), onde receberá o ;Prêmio Estadista Global; por ter usado o mandato para melhorar a situação do mundo, segundo explicou o fundador do WEF, Klaus Schwab. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, vai ficar um dia e meio, quando participa de um painel sobre comércio internacional e mudanças climáticas e almoça com um grupo de representantes na Organização Mundial do Comércio (OMC). O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, farão propaganda da economia brasileira.

[SAIBAMAIS];É quase inevitável que o Brasil seja visto como um caso de sucesso na implementação de políticas para sair da crise. Com certeza, o país despertará mais interesse no encontro deste ano do que nos anos anteriores;, assegurou o diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, Carlos Márcio Cozendey. O tema geral do Fórum será ;Aperfeiçoar a situação mundial: repensar, redesenhar, reconstruir;. Para Cozendey, os principais assuntos serão o fim da recessão ou a hipótese de uma recaída, a retirada dos estímulos governamentais, os problemas fiscais causados pela expansão dos gastos, a ameaça de retorno da inflação, a saúde do sistema financeiro nos Estados Unidos e os riscos de uma crise na China. A reconstrução do Haiti também deve entrar em pauta. ;Neste ano, não há nada a comemorar;, sentenciou Schwab.


1 - Substituição
O comandante da polícia da região suíça de Graubuenden, Markus Reinhardt, responsável pela segurança do Fórum Econômico Mundial em Davos foi encontrado morto ontem. Autoridades locais acrescentaram que a morte parece ter sido um suicídio. Ele foi encontrado morto no hotel onde se hospedou em Davos, afirmou a polícia em comunicado em seu site na Internet. O capitão Marcus Suter irá substituí-lo na liderança da segurança em Davos.

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