Economia

Real pode perder valor

Mantega diz que deficit em conta corrente valoriza o dólar. Para ministro, inflação está controlada e Meirelles, do BC, tranquilo

postado em 30/01/2010 10:20
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem não estar preocupado com o saldo negativo em conta corrente do Brasil, resultado que, segundo ele, deverá gerar o benefício de desvalorizar o real frente ao dólar. A avaliação foi feita pelo ministro no Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. "Esse deficit auxiliará na taxa de câmbio, uma vez que pode haver uma desvalorização do real", o que torna as exportações mais competitivas. Em 2009, o governo enfrentou forte pressão de exportadores para que adotasse medidas que evitassem uma apreciação excessiva do real. Dados divulgados na semana passada mostraram que o deficit em conta corrente do país chegou a US$ 24,334 bilhões em 2009. Ao repercutir a conjuntura brasileira no Forum Mundial, Guido Mantega descartou que existam pressões de preços no país como o que se verifica na China. "Temos um crescimento equilibrado entre demanda e investimentos. Por isso, chegamos à conclusão de que o crescimento é sustentável e que terá continuidade", indicou. Ele disse, ainda, que não compartilha da visão do mercado de que a taxa de juros deverá subir. "O Copom (Comitê de Política Monetária) só elevaria os juros se houvesse necessidade, com violação das metas de inflação", disse. "Não percebo rugas de preocupação na testa do (presidente do BC, Henrique) Meirelles. Ele parece tranquilo", acrescentou. Sem mudança Também em participação no Fórum Econômico Mundial, o presidente do Banco Central, Henrique Mirelles, considerou normal uma certa apreensão dos investidores diante do ano eleitoral. Ele minimizou a situação e afirmou que não existe espaço político para uma mudança drástica de política econômica. "Não há duvida de que existe sempre uma preocupação. É normal, em qualquer país do mundo, pois sempre se discute o que o próximo governo vai fazer", afirmou. Ele, por outro lado, salientou que o país possui austeridade monetária, responsabilidade fiscal e programas sociais que ajudaram a criar uma base para aumento do consumo. No entender de Meirelles, não existem dúvidas de que o país tem crescido com estabilidade. "Hoje, não existe mais esse lema, que existia entre estabilidade e crescimento. Temos crescimento com estabilidade e acredito que tenha pouco espaço de mudança do ponto de vista político, inclusive", concluiu. Ele também comentou que os indicadores econômicos mostram um cenário de estabilidade para este ano. Moeda sobe 5,7% O dólar comercial encerrou o último dia útil do mês cotado a R$ 1,885, com alta de 0,96% sobre o dia anterior. Em nove dias, o preço da moeda americana valorizou 6,7%, fazendo com que a divisa fechasse janeiro com o valor 8,3% maior. Com esse desempenho para os primeiros dias do ano, analistas projetam que o dólar pode romper a barreira de R$ 1,90 ainda a curto prazo.

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