Economia

Modelo de Dilma prevalece

Marcone Gonçalves
postado em 21/04/2010 08:28
O sucesso do leilão da usina de Belo Monte representa uma vitória política do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, ex-ministra da Casa Civil e de Minas e Energia. Ambos insistiram na realização da disputa, enfrentaram ; e venceram ; os principais grupos privados do setor que haviam desistido da disputa. Eles alegaram que a tarifa de R$ 83 a ser cobrada pela energia não cobriria os R$ 19 bilhões necessários para tocar as obras. No fim, a tarifa foi ainda menor: R$ 77,97.

"O leilão de Belo Monte mostra que a ministra Dilma Rousseff fez no setor elétrico o mesmo que Palloci na economia. Ela soube aperfeiçoar o modelo que recebeu do governo Fernando Henrique Cardoso", avaliou uma fonte do próprio governo Lula. Ao contrário da gestão anterior, que priorizou investimentos em termelétricas, a ministra apostou nas hidrelétricas. E a vitória de Dilma se deu também no âmbito interno. Diferentemente do que pretendia a corrente majoritária do PT, ela não desistiu do modelo baseado em competição no setor privado.

Não foi fácil viabilizar a venda da terceira maior obra do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) dentro do preço pretendido. O governo precisou fazer um costura política, empresarial e administrativa sem precedentes. De acordo com analistas, o pacote de subsídios poderia chegar a quase R$ 6 bilhões. Para tanto, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) entrou financiando 80% dos recursos com juros subsidiados, ao mesmo tempo que os fundos de pensão das estatais foram convocados a participar dos consórcios.

A isenção de até 70% no Imposto de Renda e a entrada das subsidiárias da Eletrobras deixaram claro que o Palácio do Planalto estava disposto a bancar o empreendimento. "O deságio obtido no preço mostra que o governo nem precisa fazer tantas concessões", analisou um especialista da Eletrobras. Para Luiz Nelson Araújo, especialista da consultoria BDO, mesmo com o sucesso do leilão o preço acertado ainda preocupa. Isso porque, disse, o custo da obra pode ir a R$ 30 bilhões. "Não sabe se lá para frente essa equação fecha. A questão das linhas de transmissão é outra coisa complicada, pois sabemos que ela custa mais caro que a própria geração de energia", alertou.

Já o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, assinalou que o resultado do leilão da hidrelétrica de Belo Monte é "uma sinalização importante" de que o país terá oferta de energia elétrica. "Os dois consórcios que concorreram pela obra têm competência e qualificação técnicas indiscutíveis. O que vale destacar, no encerramento do leilão, é que existe a garantia de que o Brasil vai ter energia elétrica no futuro para continuar crescendo", destacou Monteiro Neto.

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