Economia

Conab vai leiloar feijão para conter alta nos preços

postado em 26/04/2010 13:53
Brasília - A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) planeja doar e leiloar no final de maio o estoque de aproximadamente 180 mil toneladas de feijão para regular o preço do produto, que registrou alta este mês. O leilão deve começar pelo Paraná, estado com maior estoque e grãos de mais qualidade.

De acordo com o superintendente de Operações Comerciais da Conab, João Paulo Moraes Filho, o objetivo da ação é estabilizar o preço do feijão sem prejudicar os lucros dos produtores rurais. ;Temos que olhar os dois lados do mercado. Hoje o produtor tem um preço melhor e se sente estimulado a produzir, mas o consumidor tem um preço final alto. A questão não é baixar o preço, mas, pelo menos, estabilizá-lo;, afirmou em entrevista à Agência Brasil.

No momento, o Ministério da Agricultura avalia as condições do estoque da Conab e os possíveis impactos do leilão no mercado rural. ;Por ser antigo, nosso feijão perde um pouco o valor comercial e também temos que levar em consideração se tal medida não vai prejudicar os produtores;, ressalta Moraes Filho. Além da venda, parte do produto será doado a comunidades que sofrem com insegurança alimentar.

A saca de 60 quilos, explica o superintendente, é vendida em média a R$ 80, mas agora chega a R$130. Segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ; que mede a inflação ofivial do país ;, o preço do feijão carioca chegou a subir 30,10% só em abril. No mês anterior, ele havia sofrido uma queda de 1,87%. O mesmo índice mostra que em abril do ano passado a deflação havia sido de 11,38%.

A alta nos preços pode ser explicada justamente pela baixa no ano passado, como explica Moraes Filho. ;Em 2009, o feijão foi vendido a preço mínimo e por isso o agricultor ficou desestimulado a produzir, houve uma diminuição da área plantada e o preço subiu;.

Para o professor do Núcleo de Economia Agrícola do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp), Antonio Marcio Buainain, o fator climático é o grande responsável pela queda da produção. ;O feijão tradicionalmente tem mercado muito sensível ao resultado da oferta e o preço reage imediatamente;, explicou.

Ele acredita que a intervenção da Conab não será prejudicial para os agricultores, mas pode desapontar os comerciantes. ;A maior parte dos estoques está na mão dos comerciantes. Se o leilão tiver êxito, quem estava esperando para vender mais caro não vai conseguir;, avalia.

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