Economia

Erro apavora Wall Street

Bolsa de Nova York cai 9,2% no meio da tarde. Tombo é atribuído à falha de operador do Citigroup

Vera Batista
postado em 07/05/2010 07:40
Não bastasse o terremoto provocado na Zona do Euro pela crise fiscal da Grécia, os investidores tiveram que conviver com uma queda descomunal da Bolsa de Nova York. No meio da tarde de ontem, o índice Dow Jones chegou a registrar baixa de 9,2%, a maior da história. O pânico foi geral. No fim do dia, descobriu-se que o tombo foi provocado ;por erro humano;. Um operador do Citigroup marcou, por engano, ;milhões; em vez de ;bilhões; em algumas operações. O Citi não quis comentar as informações, mas garantiu que vai apurar o fato.

Bolsa de Nova York cai 9,2% no meio da tarde. Tombo é atribuído à falha de operador do CitigroupNo encerramento dos negócios, o mercado nova-iorquino cravou retração de 3,20%. E a bolsa avisou que cancelará as operações com grandes oscilações fechadas entre às 15h40 e às 16h00, no horário de Brasília. Na Bolsa de Valores de São Paulo (BM), o Ibovespa, o principal índice de lucratividade do pregão paulista, registrou perda de 2,31%, nos 63.414 pontos, o menor nível desde 8 de fevereiro, refletindo as incertezas no cenário internacional.

O dia foi de grande tumulto. Com a Zona do Euro à beira do colapso, autoridades e líderes de respeitadas instituições tentaram apaziguar os ânimos, mas análises desencontradas só contribuíram para fomentar o nervosismo. O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, criticou as altas taxas de juros cobradas pelos países que socorreram a Grécia. O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, ameaçou os investidores, tentando evitar comportamentos especulativos que agravem ainda mais a situação. Ele também pediu às agências de classificação de risco que ajam de forma adequada e não alimentem mais as incertezas.

Na avaliação de Barroso, a atual crise, que já contamina parte da Europa, só sustenta a necessidade de se aprovar leis para o maior controle sobre o sistema financeiro mundial, que teria se transformado em um ;parque de diversão para especuladores;. Mas, para os analistas, de nada adianta essas ameaças, diante das enormes dúvidas quanto à capacidade da Grécia de pagar todas as dívidas que vencem neste ano, de 30 bilhões de euros, apesar de o Parlamento grego ter aprovado, em meio a sérias turbulências políticas e violentas manifestações populares, um pacote de contenção de gastos públicos, de congelamento de salários e de aposentadorias e de aumento e criação de impostos.

Mercados evaporam
Depois dos transtornos vividos pela Grécia na quarta-feira, quando três pessoas morreram, acreditava-se que os investidores dariam uma trégua. Mas não foi que se viu. Tanto que a Casa Branca foi obrigada a se manifestar pela primeira vez sobre o país europeu, pregando a necessidade de reformas, mesmo que levem um tempo. O governo americano avisou que está acompanhando todo o processo de ajuda proposto pelas nações da Zona do Euro, pois teme que os EUA sejam engolfados pelas turbulências. Não foi suficiente. A onda de prejuízos que começou na Ásia se alastrou.

A Bolsa de Tóquio teve a maior queda desde março de 2009: 3,27% na volta de feriado de três dias. Hong Kong amargou perdas de 4,11%, o pior desempenho desde meados de abril. Nesses dois mercados, interferiram também de forma negativa as apreensões sobre as medidas que serão tomadas pela China. Há o temor de que o governo chinês restrinja o fluxo de capitais e eleve os juros para conter a inflação. Em Frankfurt, houve queda de 0,84%. Londres amargou queda de 1,52%. Já Paris subiu 0,58%.

No Brasil, a BM abriu em alta, sustentada pelas ações de Petrobras e da Vale. Mas quando chegaram as notícias do mercado americano, com a Bolsa de Nova York desabando, caiu mais de 6% em menos de uma hora. Na opinião do estrategista-chefe do Banco WesLB, Roberto Padovani, a crise de solvência da Grécia está restrita à Zona do Euro e o impacto é menor que o episódio da quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, em setembro de 2008. ;Naquele momento, um grande banco quebrou na maior economia do planeta, o que provocou uma contração do crédito global. Agora, acredito que isso está mais concentrado na Europa;, disse.

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