Economia

Hungria promete aumentar receitas

Objetivo é cumprir compromisso com líderes internacionais de manter o deficit no orçamento em 3,8% do PIB

postado em 07/06/2010 07:23
Mihaly Varga, secretário de Estado húngaro, culpou administrações anteriores por problemas fiscaisCom a crise instalada no país, o governo da Hungria pretende editar medidas por conta própria e evitar ter que seguir a cartilha imposta pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) à Grécia. Segundo o porta-voz do governo, Peter Szijjarto, uma das possibilidades discutidas para ajudar a equilibrar as contas públicas é a introdução de um imposto único, de cerca de 16%, sobre a renda pessoal. Szijjarto e o secretário de Estado húngaro, Mihaly Varga, que lidera a revisão das finanças públicas, garantiram que o governo vai cumprir a meta de deficit orçamentário para este ano.

Mihaly Varga já tinha colocado na conta dos socialistas, responsáveis pelo governo anterior, o erro na estimativa do deficit fiscal. Segundo ele, as medidas precisarão ser tomadas para atingir a meta de limitar o rombo a 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas no país) combinada com líderes internacionais. Analistas comemoraram a intenção do governo de se ater ao objetivo, o que, na visão deles, contribuirá para acalmar os mercados a partir de hoje. Especialistas cobraram do governo mais detalhes do plano. O consenso do mercado para o saldo negativo no orçamento húngaro neste ano é de 5% do PIB.

Comentários
Temores sobre uma possível crise da dívida húngara fizeram o euro cair à mínima em quatro anos na sexta-feira. Integrantes do governo colaboraram para o estresse, com comentários contraditórios e negativos sobre a verdadeira condição fiscal e as chances de o país evitar ter o mesmo destino da Grécia.

;Esses comentários são exagerados. Se um colega os fez, foi infeliz;, desabafou Varga com jornalistas. Para o secretário de Estado, a situação está consolidada e a meta para o deficit é perfeitamente alcançável. Ele disse que a receita com alguns impostos está mais baixa que o planejado no orçamento atual, e que alguns itens dos gastos estão mais altos ou simplesmente não foram incluídos.

;Nós precisamos afirmar que o (último) governo de Bajnai, assim como o governo de Gyurcsany em 2006, não apresentou um cenário crível do estado real do país;, disse, mais uma vez, referindo-se aos primeiros-ministros Gy;rgy Gordon Bajnai e Ferenc Gyurcsány. Questionado, insistentemente, sobre se a Hungria corria o risco de uma moratória, Varga classificou de ;infeliz; qualquer comparação com países com perfis de risco dívida muito altos.

Firmeza
O secretário se negou a estimar o deficit em 2010, mas disse que o governo pretende cumprir a meta de 3,8 % combinada com o FMI e a União Europeia, que resgataram a Hungria do colapso financeiro em outubro de 2008. ;Calmamente, mas com firmeza, nós precisamos preparar um plano de ação o mais cedo possível, com uma série de medidas que possam nos ajudar a atingir a meta de deficit;, disse.

RESERVAS ARGENTINAS
; A presidenta do Banco Central da Argentina, Mercedes Marcó del Pont, disse que o país tem reservas de sobra e que voltará a apelar a elas para pagar a dívida pública, caso seja preciso. ;As reservas serão usadas as vezes em que for necessário;, disse em entrevista publicada ontem no jornal Página12. A Argentina usou a poupança internacional para pagar US$ 200 milhões de dólares correspondentes a dividendos de títulos da dívida externa. A autorização foi dada por decreto, instrumento que obteve validade após duas decisões da Justiça. ;Não se deve criar um estigma contra o uso das reservas. É algo que alguns querem instalar não só aqui, mas também em nível internacional;, afirmou. Segundo Mercedes, as reservas ;de livre disponibilidade; são de US$ 18 bilhões, num total de US$ 47 bilhões. Ela foi confirmada no cargo em abril. A presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, demitiu seu antecessor, Martin Redrado, justamente por ele se opor ao uso das reservas para honrar compromissos externos.

Avanços comerciais

Ao final de uma reunião de dois dias no Japão, os ministros do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) afirmaram ontem que fizeram ;progressos significativos; para ampliar o livre comércio. Há 16 anos, na cúpula de Bogor (Indonésia), 2010 foi estabelecido pelas potências econômicas da região como prazo para derrubar as barreiras ao trânsito de mercadorias e serviços, enquanto os países em desenvolvimento têm até 2020.

O encontro, realizado na ilha de Hokkaido, foi a primeira reunião ministerial do fórum este ano. A cúpula anual dos 21 membros do grupo, entre os quais estão México, Chile, Peru, Estados Unidos, China, Japão, Canadá e Rússia, será realizada em Yokohama, sudoeste de Tóquio, em novembro.

No fim da reunião, os ministros afirmaram que esperam a publicação ;de um informe forte e confiável, que mostre os progressos significativos realizados rumo às metas de Bogor;. Os participantes também expressaram a ;firme determinação de levar a Agenda de Desenvolvimento de Doha a uma conclusão bem-sucedida o quanto antes;. O secretário-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, acompanhou o encontro.

As negociações comerciais da Rodada Doha da OMC, que começaram em 2001 na capital do Qatar, acabaram bloqueadas pela falta de acordo entre países industrializados e nações em desenvolvimento sobre o corte de tarifas e a redução dos subsídios para a agricultura.

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