Economia

Câmbio chinês muda pouco

No primeiro dia de negócios após anúncio de flexibilidade, iuan se valoriza 0,42%, mas ainda dentro do máximo permitido

postado em 22/06/2010 08:32

Apesar do alarde em torno de uma eventual valorização significativa do iuan, que se seguiu à promessa do Banco Popular da China (BPC) de flexibilizar as cotações, a política cambial chinesa continua a mesma. O BPC, equivalente ao Banco Central do país, se absteve de intervir no mercado ontem, mas a moeda se valorizou apenas dentro da banda permitida, que é de 0,5%. Na prática, o câmbio continua controlado. Ainda assim, o movimento levou a divisa ao ponto mais forte desde 2005, quando os atuais mecanismos foram estipulados. A cotação do dólar fechou em 6,797 iuans, com variação de 0,42% sobre os 6,826 de sexta-feira.

A decisão de não intervir teve como objetivo trazer mais credibilidade ao anúncio de flexibilidade, feito por um comunicado no sábado. No domingo, após a medida ter sido elogiada pelo secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, e outras autoridades financeiras internacionais, o BPC divulgou outra nota, esclarecendo que não haverá valorizações bruscas. Com o anúncio, o BPC ganhou tempo contra as fortes críticas dos países ricos, segundo as quais o país segura um câmbio artificialmente desvalorizado para dar competitividade a suas exportações.

Às vésperas da reunião de cúpula do G-20 (grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia), no fim de semana, em Toronto (Canadá), as pressões para que o BCP fortaleça o iuan crescem. Ontem, ao longo do dia de negócios, a valorização chegou a encostar na banda permitida, com 0,47%. Segundo analistas, isso mostrou que a autoridade monetária mantém o controle máximo sobre a moeda ao estabelecer a taxa de referência para as operações. Operadores disseram que o movimento de hoje será um termômetro sobre o tamanho da apreciação permitida, mas que é improvável a repetição dos ganhos na mesma escala nos próximos dias.

Confiança
;A fixação de amanhã (hoje) é essencial em termos da confiança do mercado. Pode-se pontificar sobre o que vai acontecer baseado em um dia mas, francamente, é um jogo de adivinhações sobre o que vai acontecer;, disse à Agência Reuters o chefe global de Estratégica Cambial do Standard Chartered Bank em Cingapura, Callum Henderson.

O embaixador norte-americano na China, Jon Huntsman, classificou a medida chinesa sobre o iuan como uma ;tentativa genuína; de reforma cambial e previu que ela pode melhorar as relações entre Pequim e Washington. A desconfiança de alguns países continua. ;Queremos ver mais detalhes e talvez até algum tipo de cronograma;, afirmou o ministro das Finanças canadense, Jim Flaherty.

VANTAGEM COMPETITIVA


As nações emergentes que adotaram taxas de câmbio flexíveis resistiram melhor à crise econômica mundial, afirmou o Fundo Monetário Internacional (FMI), em relatório divulgado ontem. ;Os países com uma taxa de câmbio fixa (...) estiveram limitados em sua capacidade de baixar a taxa de juro;, assinalaram os técnicos no documento sobre a reação dos governos à crise internacional. ;Os países com regimes de taxa de câmbio flexível recuperaram-se mais rapidamente que aqueles que mantiveram uma taxa fixa, ainda levando em conta suas vulnerabilidades externas e a queda inicial da atividade.; Segundo o organismo multilateral de crédito, isso ;pode ser o sinal de um ajuste mais rápido dos preços relativos;, que permite a um país adaptar melhor sua oferta às variações da procura de seus concorrentes no mercado internacional.

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