Economia

Emprego recorde na indústria

Números de trabalhadores na produção já é maior do que antes da crise mundial. CNI diz que volume de salários sustenta o consumo sem gerar inflação

postado em 09/07/2010 07:03
A indústria brasileira está avançando a passos cada vez mais largos. Pela primeira vez desde a recessão econômica desencadeada no fim de 2008 com o estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos, as fábricas registram número maior de trabalhadores do que antes da crise. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o total de empregos no setor apresentou crescimento de 0,4% em relação a abril, confirmando o forte ritmo de expansão da atividade.

As perspectivas são promissoras. Como a indústria paga, na média, os melhores salários da economia, o consumo se manterá firme exigindo mais produção das empresas. O gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, ressaltou, porém, que não há nenhum risco de esse quadro resultar em pressões inflacionárias, exigindo um aperto maior na taxa de juros por parte do Banco Central. ;Há uma expansão da massa salarial do setor, mas moderada, que não gera inflação;, assegurou.

O economista Henrique Santos, da Ativa Corretora, discorda dessa avaliação. Para ele, o incremento do poder aquisitivo dos trabalhadores deve se reverter em combustível para a elevação dos preços. ;A indústria deve ter taxas de crescimento (do emprego) menos robustas do que as atuais, mas, sem dúvida, influenciará a demanda doméstica e baterá na inflação. Tanto que o BC tem ressaltado este fato em seus recentes documentos;, afirmou.

De acordo com a CNI, enquanto o emprego registrou a décima elevação seguida, a massa salarial avançou 1,6% entre abril e maio e 7,4% quando comparada a maio de 2009. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também divulgados ontem, confirmam a expansão de 0,3% da ocupação industrial em maio sobre abril e crescimento de 4,2% ante o mesmo mês de 2009. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) apontou que a indústria de transformação abriu, em maio, 62,2 mil vagas.

Rigidez
O emprego foi uma das últimas variáveis a reagir ao fim da crise, segundo a CNI. Para Santos, essa defasagem entre a recuperação da produção e a recomposição do quadro de funcionários é resultado da burocracia e dos custos envolvidos na contratação e demissão de trabalhadores. ;As empresas acabam esperando um pouco, para ter a certeza de que as perspectivas são boas. Elas preferem primeiro aumentar a carga de trabalho e dar horas extras, para não correr o risco de gastarem para contratar e depois gastar mais para demitir;, explicou o economista.

As horas trabalhadas cresceram 1% entre abril e maio e registraram avanço de 9,9% na comparação com maio do ano passado. Já as vendas da indústria apontaram expansão de 2,1% frente a abril e 13,9% ante maio de 2009. Mais uma vez, destacou a CNI, o impulso para o crescimento vem do consumo interno e compensa parte das perdas do setor exportador, que ainda enfrenta dificuldades em recompor o mercado externo deteriorado pela crise. ;Continuamos com o mercado doméstico em expansão, com o emprego se fortalecendo tanto na indústria quanto fora dela. Isso gera uma massa de salário e alimenta a produção;, comentou Castelo Branco.

Números de trabalhadores na produção já é maior do que antes da crise mundial. CNI diz que volume de salários sustenta o consumo sem gerar inflação

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