Economia

Brasil aposta no lazer digital

Setor de entretenimento deverá crescer 8,7% ao ano até 2015, impulsionado pela demanda por internet, videogame e TV por assinatura

postado em 12/07/2010 07:37
O engenheiro Geovan Alves Diogo é enfático: %u201CAssistir a uma programação em alta definição é muito melhor%u201DO impacto provocado pela revolução digital na vida das pessoas tem feito com que velhos hábitos de diversão sejam, gradualmente, substituídos por novas formas de entretenimento dentro das casas dos brasileiros. Com isso, a tecnologia tem se tornado a principal aliada do consumidor na hora do lazer. O momento tem sido tão favorável às empresas que atuam no setor, que a consultoria Pricewaterhouse Coopers estima: nos próximos quatro anos o Brasil será um dos países que liderará a expansão do segmento de entretenimento e mídia em todo o mundo.

Impulsionado pelo aumento do poder de compra do brasileiro ; especialmente nas classes C e D ; e pela forte demanda que existe por serviços como TV por assinatura, internet e videogame, esse mercado vai crescer, de acordo com o relatório da consultoria, a uma taxa média anual de 8,7% no país ; volume menor apenas que os 12% estimados para a China. A média nacional é superior, inclusive, à projetada para o mundo, de 5%. Estima-se que a indústria de entretenimento movimente, atualmente, US$ 1,3 trilhão ao ano.

Pelo relatório da Pricewaterhouse, as tecnologias digitais terão impacto cada vez maior em todos os setores do entretenimento, guiadas principalmente pelas transformações digitais que chegam cada vez mais forte aos usuários. Para a sócia-líder da área de telecom da consultoria, Estela Vieira, como o Brasil saiu fortalecido da crise financeira, o consumidor está mais confiante para gastar com o próprio lazer. ;Quando há uma melhoria no salário do trabalhador, automaticamente ele supre algumas necessidades básicas e passa a desejar outros produtos e serviços. É algo natural e, com a economia estável, isso tende a crescer;, analisa. Para ela, o novo formato baseado no digital é um propulsor para o segmento. ;A digitalização das tecnologias ajuda o setor como um todo, que atualiza as gerações de seus produtos e atrai novos consumidores ou faz com que os antigos realizem upgrades;, aponta.

Foi o que aconteceu com o engenheiro de sistemas Geovan Alves Diogo, 35 anos. Atraído pelos recursos oferecidos por um novo pacote digital de TV por assinatura, ele assinou, há dois meses, um novo plano. ;Assistir a uma programação em alta definição é muito melhor. A diferença é gritante. Além disso, tenho crianças em casa e considero que TV à cabo faz parte de um pacote que considero essencial para mim;, conta.

Cobertura como eixo
O aumento na cobertura da internet é visto como uma das principais válvulas propulsoras para o setor de entretenimento no país. ;Estimamos que, nos próximos cinco anos, haverá crescimento de 16,4% em gastos com acesso à internet no Brasil, o que mexerá com outros setores, desde a publicidade digital até o comércio on-line;, aponta Estela. A afirmação é baseada, principalmente, no fato de a rede de telecom trazer, além da navegação ao usuário, serviços diretamente atrelados à oferta de entretenimento como TV por assinatura e games on-line.

Para o coordenador do curso de marketing digital da ESPM, Marcelo Lobianco, a internet deve ser vista como um dos principais carros-chefes desse segmento, uma vez que a convergência tecnológica integra diversos tipos de lazer oferecidos em uma única máquina. ;Se você pensar, há cinco anos não tínhamos serviços como redes sociais e YouTube, que, atualmente, são febre entre os brasileiros. Com o aumento do acesso à internet, acredito que novas formas de lazer estarão ao alcance das pessoas;, afirma, lembrando que a expansão da cobertura da internet contribui para o crescimento econômico de um país. De acordo com dados do Banco Internacional de Desenvolvimento, a cada 10% de penetração da internet na população, há um aumento de 1,6 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB).

Encargos fiscais
Apesar dos altos encargos fiscais que encarecem as vendas dos videogames no país, os jogos eletrônicos também passarão a fazer cada vez mais parte da preferência dos brasileiros na hora do descanso. Segundo a Pricewaterhouse, essa indústria deverá ter uma expansão média de 10% até 2014, passando a movimentar US$ 498 milhões ao ano nas vendas de consoles e títulos.

De olho no sucesso de aparelhos como o Wii, o Playstation 3 e o Xbox 360, o empresário Marcelo Cunha, proprietário da Supergames, lojas especializada em jogos, resolveu ampliar os negócios e inaugurar outras duas unidades em movimentados shoppings de Brasília. ;O consumo por videogame vem crescendo. Hoje, não é mais visto somente como um produto para crianças. Os adolescentes que cresceram com os jogos dos anos 1980 hoje são adultos, estão empregados, dispõem de maior renda e continuam investindo nesse tipo de diversão;, diz.

É o caso do bancário Otalívio Evangelista, 34, típico membro da chamada geração Atari e que hoje se diverte com produtos mais modernos. Dono de um Playstation 3, ele conta que não poupa quando o assunto é games. ;Eu até brinco dizendo que não gasto dinheiro com carro ou bebida, mas não economizo quando tenho que comprar jogos;, diz o bancário, que gasta todos os meses uma média de R$ 250 com novos títulos. ;O videogame é uma peça fundamental para o meu lazer;, conclui.

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