postado em 01/08/2010 10:23
A criação de postos de trabalho está disseminada por todos os setores, com destaque para a construção civil, que registrou um incremento de 119 mil vagas ocupadas nos últimos 12 meses, numa variação positiva de 10,7%. Em seguida, vem a indústria, com crescimento de 9,3% no mesmo período e 252 mil postos a mais. No comércio, o saldo de empregos ficou em 100 mil. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socieconômicos (Dieese). A renda dos trabalhadores com carteira assinada chega a ser até 85% maior do que a dos trabalhadores informais. Com mais dinheiro no bolso, a população foi às compras.
Em um círculo virtuoso, o aumento na renda dos trabalhadores estimula o setor produtivo. A consultoria LCA estima que, em 2020, o consumo das famílias brasileiras chegará a R$ 5 trilhões. Os números positivos são consequência do aquecimento econômico. Um mês após ter a carteira de trabalho assinada pela primeira vez, a vendedora Palloma Rodrigues já sentiu diferenças. "Além de ganhar mais, minha renda é fixa. Agora dá para planejar os gastos", celebra. O brasiliense Maycon Teles se considera um sortudo. Em uma semana, conseguiu emprego como vendedor.
O bom momento tem levado a um processo de regularização da economia. "A farta oferta de crédito é o fator chave para compreender o aumento da formalização observado no mercado de trabalho brasileiro", afirma Fernando Barbosa Filho, da Fundação Getulio Vargas (FGV). O raciocínio se aplica também aos consumidores. Segundo dados do Banco Central, o total de empréstimos na economia chegou a R$ 1,53 trilhão em junho. O diretor de estudos técnicos do Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), Luiz Benedito, critica, porém, a tributação feita sobre rendas baixas, a partir da faixa dos R$ 1,5 mil.
Estratégia
"Geralmente, o trabalhador inserido nessa faixa de renda usa quase a totalidade do salário para suprir as necessidades básicas de moradia, alimentação e transporte. Onerar essa pessoa com mais impostos significa incentivar a opção pela informalidade", pondera. Nesse contexto, o maior prejudicado é o governo. O contingente de trabalhadores que recorrem à informalidade para incrementar a renda se soma aos que vivem à margem da legislação por falta de condições de se inserir no mercado de trabalho, como o vendedor de algodão doce José Teixeira. "Se tivesse uma chance de ser fichado, gostaria de trabalhar como jardineiro. Tem a ver com o que eu fazia na época em que vivia na roça."