Economia

Casa própria mais acessível

Em 2010, os bancos aumentam empréstimos para a habitação em 77% e financiamentos de imóveis em 51,5%

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 12/08/2010 07:13
Os financiamentos habitacionais estão aumentando tanto em volume quanto em quantidade de unidades. Dados divulgados ontem pela Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que o primeiro semestre de 2010 é o melhor da história. Nos primeiros seis meses do ano os recursos captados em caderneta de poupança e emprestados pelos bancos para o financiamento da casa própria atingiram R$ 23,8 bilhões, 77% a mais do que o volume de empréstimos no mesmo período de 2009.

No primeiro semestre de 2010 foram financiadas 187,6 mil unidades habitacionais para a classe média, 51,5% a mais do que a quantidade de imóveis objeto de empréstimos no ano passado. O ritmo acelerado de financiamento fez a Abecip rever, para cima, as projeções para o ano. A entidade, que previa que o empréstimo habitacional poderia alcançar R$ 50 bilhões no ano, agora acredita que o volume de recursos pode chegar a R$ 57 bilhões, o suficiente para financiar 450 mil unidades residenciais em todo o país.

Com emprego e renda crescentes, a classe média está pegando uma parcela maior de financiamento para comprar a tão sonhada casa própria. Segundo a Abecip, entre dezembro de 2009 e junho último, o percentual de empréstimo em relação ao valor do imóvel financiado aumentou de 61,1% para 61,9%.

Com emprego e renda crescentes, classe média compra a moradiaSó no mês de junho, as operações realizadas pelos agentes financeiros atingiram R$ 5,27 bilhões, com crescimento de 78% em relação a junho de 2009 (R$ 2,96 bilhões) e de 24% em relação a maio. Em junho foram financiadas 40,8 mil unidades habitacionais, enquanto que em junho de 2009 a quantidade de unidades financiadas foi de 25,8 mil.

Em expansão
Pelos dados do Banco Central, o financiamento habitacional é um dos que mais sobe no país. Embora em relação ao Produto Interno Bruto do país (PIB) sua participação ainda seja pequena, de cerca de 3% apenas, a velocidade de aumento dos empréstimos tem sido crescente. Nos últimos 12 meses, o crédito habitacional teve expansão de 50%. Nesse percentual também estão as operações para a baixa renda, com financiamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e os diversos tipos de subsídios oferecidos pelo governo para quem não tem renda suficiente para bancar sozinho o empréstimo.

A Abecip não disse, mas o perigo que o sistema corre, daqui para a frente, é o de ficar sem recursos para emprestar. O vice-presidente de governo da Caixa Econômica Federal, Jorge Hereda, já demonstrou publicamente essa preocupação. Para Hereda, o sistema terá que buscar, num espaço de três a cinco anos, fontes alternativas de recursos. Por enquanto a caderneta de poupança está dando conta do recado. A captação líquida entre janeiro e junho de 2010 foi de R$ 8,8 bilhões, com o saldo dos depósitos de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), que exclui a caderneta rural, alcançando R$ 270,1 bilhões em junho.

Sem bolha imobiliária

A alta dos preços dos imóveis, sobretudo nos grandes centros urbanos como Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, não é resultado de uma bolha imobiliária semelhante à dos Estados Unidos, em 2007, que causou a crise financeira mundial, afirmou o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda (1995/1998) José Roberto Mendonça de Barros. Para ele, o aumento dos preços dos imóveis se sustenta principalmente no crescimento da demanda e não representa, ao menos em médio prazo e mantidas as atuais condições, um risco à economia brasileira. ;Nossos estudos sugerem que não existe uma bolha imobiliária no Brasil. Não há qualquer exagero no volume de empréstimos que estão sendo concedidos e a proporção de recursos próprios usados na compra de imóveis ainda é muito alta. Além disso, os financiamentos são bastante controlados e o país está crescendo, o que faz com que a massa salarial e a capacidade de pagamento aumentem;, disse o economista.

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