Economia

Bolsas caem em todo o mundo

Indicadores ruins da China e dos Estados Unidos deixam investidores desconfiados sobre o ritmo de recuperação da economia e as vendas de ações aumentam

Vera Batista
postado em 12/08/2010 07:19
As bolsas de valores derreteram ao redor do mundo. Os investidores entraram em pânico com as notícias de queda no crescimento e nos investimentos na China (1), com os dados do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) apontando preocupante desaceleração no crescimento dos Estados Unidos e, ainda, com declarada retração econômica na Inglaterra.

Diante desse cenário sombrio, o Ibovespa, índice mais negociado na BM, despencou 2,13%, fechando nos 65.790 pontos e seguindo de perto as perdas de 2,49% do Dow Jones, principal indicador da Bolsa de Nova York.

;Uma derrocada geral. O mercado recebeu mal os dados e o grau de desconfiança aumentou. A situação tende a se agravar um pouco mais amanhã (hoje);, avaliou Mário Paiva, economista da Corretora Liquidez.

Na Europa, a aversão ao risco foi drástica. As perdas foram lideradas pela Bolsa de Madri, que escorregou 3,21%. Seguida pela de Paris, que sofreu forte baixa de 2,74%. A de Londres perdeu 2,44% e a de Frankfurt também caiu 2,10%.

Na Ásia, a situação não foi diferente. Em Hong-Kong, as perdas chegaram a 0,83%. O Japão teve recuo de 2,70% e na Austrália a desvalorização foi de 1,88%.

Os maiores problemas, segundo analistas, foram a frustração com o anúncio do Fed de retomada de medidas de apoio à economia, para sustentar o ritmo de recuperação, e a manutenção da taxa básica de juros próxima a zero, mesmo patamar desde dezembro de 2008 ; com a sinalização de que será mantida assim por longo tempo.

Fragilidade
A desconfiança dos investidores aumentou quando se percebeu que o aumento do deficit comercial não chegou perto das projeções do analistas, que esperavam número próximo aos US$ 43,5 bilhões, em junho. Apesar o deficit americano ter crescido pelo terceiro mês consecutivo, chegando a US$ 49 bilhões em junho, valor 19% superior ao resultado negativo de maio, que foi revisado para US$ 41,98 bilhões.

;Quando se pensava que a onda de coisas ruins ia passar, veio mais um baque com os problemas da Inglaterra;, disse Mário Paiva. O Banco da Inglaterra confirmou, ao divulgar o Produto Interno Bruto (PIB) do país, que o crescimento econômico continuará, porém em um ritmo mais fraco que o previsto anteriormente

Se o panorama já era assustador, representaram um balde de água fria os resultados das vendas no varejo na China, que cresceram 17,9%, em julho, abaixo dos 18,3% de junho, e ainda muito inferior às expectativas dos analistas de 18,5%. E ainda foi complementado com o prognóstico de fechamento das siderúrgicas de médio porte, não eficientes e poluidoras, no país asiático, o que pode representar um baque nas exportações de minério de ferro de vários países.

Causou também arrepios, a constatação de que os investimentos em áreas urbanas, na China, somaram, de janeiro a julho, 11,9 trilhões de yuans. Mesmo representando aumento de 24,9% em relação ao mesmo período do ano passado, a taxa é menor que os 25,5% do primeiro semestre. E os analistas já haviam projetado um resultado próximo aos 25,3%.

A aversão ao risco já começou a ter impactos no mercado de câmbio. O dólar encerrou o dia em alta de 0,63%, cotado a R$ 1,770. ;O dólar na verdade foi o ativo mais comportado. Mas deve subir mais um pouco, diante de tanta incerteza;, assinalou Mário Paiva.

1 - Desaceleração chinesa
O crescimento dos investimentos e da produção industrial da China desacelerou mais em julho, depois de o governo pôr o crédito de volta aos níveis normais após um ciclo de financiamento recorde concedido em 2009 para administrar o impacto da crise mundial. Os dados divulgados ontem mostraram também vendas no varejo mais amenas que se somam ao quadro de economia mais fraco sugerido na véspera por números mais brandos de importações. A produção industrial chinesa cresceu em julho 13,4% contra igual mês do ano passado, ante 13,7% em junho, informou a Agência Nacional de Estatísticas.

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