Economia

Só Brasília e mais três cidades terão aeroportos preparados para Olimpíadas

postado em 23/03/2011 07:08

Um estudo elaborado pelo Centro de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) comprovou o que analistas alertam há anos: a maior parte dos terminais aéreos nacionais está com a capacidade esgotada e, para piorar, as obras de ampliação previstas pela Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) não mudarão esse quadro. O aeroporto de Brasília e os de mais três cidades ; Rio de Janeiro (RJ,Galeão), Fortaleza (CE) e Manaus (AM) ; serão, conforme a pesquisa, os únicos com infraestrutura suficiente para atender à demanda de passageiros em 2016, ano em que acontecem as Olimpíadas.

O quadro desenhado pelos pesquisadores da UFRJ é alarmante, levando-se em conta que dois anos antes está prevista a realização da Copa do Mundo. Eles tomaram por base padrões internacionais que determinam um mínimo de 23 metros quadrados de área de terminal por passageiro doméstico e mais 14 metros quadrados por passageiro internacional. O estudo concluiu que, após as obras, ainda haverá uma carência de 366 mil metros quadrados para atender apenas à demanda interna de 2014. O deficit foi calculado sem contar com a movimentação adicional causada pela Copa, que poderá chegar a 3 milhões de passageiros. A estimativa é que, nas 12 cidades que receberão os jogos, o número de passageiros irá dobrar nos próximos sete anos.

Viracopos

Pela estimativa da UFRJ, nos 16 aeroportos localizados em cidades sede da Copa, o número anual de passageiros saltará dos 127,72 milhões registrados no ano passado para 187,48 milhões em 2014. Para se ter uma ideia, o acréscimo ; de quase 60 milhões ; é mais do que o dobro do movimento atual nos terminais da Argentina. Os aeroportos com as maiores taxas de crescimento serão Viracopos (SP), cujo aumento chegará a 91% e Galeão (RJ), com 73% passageiros a mais. O terminal de Campinas é, inclusive, o que teve a maior taxa de expansão mundial em número de passageiros nos últimos dois anos: 364%. A guinada foi de 1,08 milhão de pessoas em 2008 para 5,02 milhões em 2010. Já a capacidade de Viracopos calculada pelo Coppe é de 3,5 milhões de viajantes por ano.

Na avaliação de Elton Fernandes, professor do Coppe e coordenador da pesquisa, a saturação de Viracopos ocorreu como um processo de continuação do esgotamento dos outros dois aeroportos da região metropolitana paulista. Guarulhos, por exemplo, recebe, em média, 67 aeronaves ao mesmo tempo todos os dias, seis a mais do que a capacidade definida pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea). Essa situação tem reflexos em vários aeroportos brasileiros, onde aviões com destino a São Paulo ficam estacionados nos pátios, aguardando a liberação do controle de tráfego. Enquanto isso, outros pilotos não têm como pousar e o congestionamento gera uma onda de atrasos nos voos. Fernandes calcula que Guarulhos precisa ser expandido para 320 mil metros quadrados até 2014, mas o projeto do governo é deixar o terminal com 250 mil metros quadrados.

Infraero promete R$ 9 bilhões

A Infraero planeja investir, até 2014, cerca de R$ 9 bilhões nos 67 aeroportos da rede, dos quais R$ 5,23 bilhões nos diretamente relacionados às 12 cidades-sede da Copa do Mundo, que, juntos, concentram 87% do tráfego aéreo nacional. A ampliação e a revitalização do sistema de pistas e de pátios do Aeroporto de Guarulhos começaram em julho do ano passado e estão orçadas em R$ 427,1 milhões. Já as reformas nos terminais 1 e 2 do Aeroporto do Galeão também estão em andamento, desde 2008, e são calculadas em R$ 687,4 milhões. Com relação a Viracopos, a instalação do Módulo Operacional começou a ser preparada em dezembro do ano passado a um custo de R$ 2,9 milhões.

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