Economia

Autoridades já admitem o calote na dívida grega e o fim da Zona do Euro

postado em 13/07/2011 09:40
Doze anos após sua criação, a Zona do Euro corre sério risco de se desintegrar. A crise da dívida europeia chegou a uma magnitude tão grande que especular sobre o desmoronamento do grupo de 17 países que partilham a moeda comum deixou de ser um tabu. No cenário atual, a sobrevivência da divisa, experiência monetária única no mundo, depende de que as autoridades consigam evitar o contágio das finanças da Itália e da Espanha, duas nações com economias de proporções médias. Os formuladores de política econômica já admitem um calote ;seletivo; no endividamento da Grécia, enquanto o governo italiano reclama de um ;ataque especulativo; contra o bloco.

;O impensável se tornou possível: a saída de um país da Zona do Euro, o fim do euro e, inclusive, a desintegração da União Europeia já não são tabus;, afirma o prestigiado centro de estudos European Policy Center em relatório. Na pior projeção possível, Grécia e Portugal puxariam a fila de saída do euro, sendo seguidos por outras economias frágeis, como a Irlanda. Se Itália e Espanha também quebrarem, como temem os investidores, a Zona do Euro acabaria inviabilizada, sustentada apenas por Alemanha e França. O presidente do Instituto Ifo, o alemão Hans-Werner Sinn, pediu abertamente a expulsão temporária da Grécia para evitar que os sócios sejam arrastados com ela.

Ontem, o ministro das Finanças da Holanda, Jan Kees de Jager, mostrou como é dramática a situação ao admitir uma hipótese até agora recusada pelos membros do bloco europeu: o calote grego. ;O Banco Central Europeu (BCE) mantém sua posição contrária, mas os 17 ministros da Eurozona já não descartam a opção de uma suspensão seletiva dos pagamentos da dívida grega;, afirmou Jager. O ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, rejeitou a ideia. ;Queremos uma cobertura total de nossas necessidades de financiamento para a estabilidade do sistema financeiro grego, que é parte do sistema financeiro europeu;, afirmou.

No início dos negócios, as bolsas de valores europeias despencaram, com perdas de até 4%. A maioria se recuperou um pouco ao longo da sessão, mas não a ponto de fechar no azul. Com os temores de uma quebradeira em série nas finanças dos países europeus, o principal índice de ações de empresas europeias, o FTSEurofirst, recuou pelo terceiro dia seguido. A desvalorização foi de 0,5%, com o indicador baixando ao menor nível em quatro meses. Os principais mercados andaram para trás: Londres (-1,02%), Paris (-0,88%), Frankfurt (-0,78%) e Madri (-0,70%). A exceção foi Milão, que subiu 1,18%, após o tombo dos dois dias anteriores.

Os investidores na bolsa italiana se animaram depois que o ministro das Finanças do país, Giulio Tremonti, deixou uma reunião dos chefes das equipes econômicas europeias, em Bruxelas, para voltar a Roma e acelerar a votação do plano de austeridade no Congresso. O programa, que vai ajustar as contas em 40 bilhões de euros, tem como objetivo reduzir o deficit fiscal até 2014. O rebaixamento da classificação da Irlanda pela Moody;s pressionou as ações na Bolsa de Valores de São Paulo para baixo. O Ibovespa encolheu 0,86%, com 59.704 pontos. Pela primeira vez no ano, ficou abaixo de 60 mil pontos.

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