Economia

Reformar é um grande desafio para as contas da família

postado em 07/08/2011 08:00
Veja o infográficoCom o objetivo de modernizar o apartamento onde mora, a servidora pública Maria Eugênia da Silva Cunha, 47 anos, teve de se inteirar do mundo da construção civil. ;É trabalhoso, mas vale a pena. Teremos um ambiente mais agradável;, garante. Sem planejamento, entretanto, as benfeitorias podem corroer o orçamento familiar. ;As obras começaram há um mês e já ultrapassaram o valor estipulado. Ficará, pelo menos, R$ 10 mil mais caro;, lamenta. Especialistas são unânimes: ter tudo na ponta do lápis é a melhor alternativa para evitar gastos excedentes.

Maria Eugênia teve de recorrer ao cartão de crédito para dar conta do excesso. ;Parcelei tudo. Sempre tem algo a mais para fazer, o que acaba encarecendo o serviço;, justifica. Ainda assim, ela toma alguns cuidados e barganha descontos nas lojas de materiais de construção. ;Compro tudo em um só lugar para ter maiores abatimentos;, revela. Além dos gastos, reformas trazem outros embaraços que exigem paciência. ;Estamos convivendo diariamente com a obra. Assim, muitas de nossas liberdades são privadas, sem contar o barulho;, reclama.

O consultor financeiro Rogério Nakata explica que limitar o orçamento ajuda bastante. ;É preciso programar o quanto será gasto de acordo com o valor em caixa. Planejamento é primordial na hora de reformar;, ensina. Ele frisa, ainda, a importância de comparar preços em pelo menos três lugares antes de decidir. ;As pessoas têm preguiça, mas isso acaba fazendo muita diferença no valor final.; O especialista também recomenda que a família tenha uma reserva de dinheiro. ;É normal extrapolar a previsão ; o proprietário tem de estar preparado;, observa.

Os cuidados não param por aí. Quem presta o serviço deve seguir as regras do Código de Defesa do Consumidor. ;Por isso, documentar qualquer negociação ; com o pedreiro, por exemplo ; representa uma garantia de que os direitos serão cumpridos. O contrato pode servir de prova na Justiça;, salienta Nakata, e o contratante também tem alguns deveres. O especialista em administração de bens Carlos Samuel Silva explica que, em apartamentos, a estrutura original do prédio deve ser respeitada. ;Caso o proprietário queira modificá-la, deve pedir autorização à administração;, destaca.

Ele observa também que os melhoramentos valorizam o imóvel em até 20%. ;Logo, na venda, pode-se recuperar o que foi gasto com a reforma e, ainda, ganhar mais;, lembra. Assim espera a cabeleireira Valéria Yamamoto, 46, que decidiu repaginar o banheiro de sua casa. ;Espero que isso se reflita no valor total do apartamento.; Ela esperou quitar os gastos com impostos, típicos do início do ano, para agir. ;Assim que sobrou um dinheirinho, resolvi mexer nos cômodos. Pelas minhas contas, essa primeira parte ficará em torno de R$ 5 mil.; Ela torce para que as contas não fujam ao controle. ;O valor está contado, não tenho reservas.;

Conforto
No que depender das classes C, D e E, as lojas de material de construção continuarão cheias. Uma pesquisa do Data Popular e do Clube da Reforma mostra que quase 20 milhões de famílias do grupo têm intenção de fazer alguma modificação em casa nos próximos 12 meses. No total, R$ 36 bilhões foram investidos em reformas no ano passado. As capitais do Nordeste tiveram a maior participação ; com 68,2% do valor.

O número de famílias das classes emergentes que fizeram reparos em casa entre 2003 e 2010 cresceu 100%. As de classe A e B representam apenas 0,5% desse mercado. Entre brasileiros com mais de 30 anos, 69% querem investir seu dinheiro em reformas. O sentimento de conforto e aconchego em casa cresce de acordo com a idade ; 83% dos entrevistados na faixa etária de 35 a 44 anos dizem estar satisfeitos com o lar. Essa percepção cai para 65% quando os entrevistados são jovens entre 15 e 24 anos, indica a pesquisa.

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