Economia

Brasil cresce mais do que o esperado e surpreende mercado

Índice de Atividade Econômica do Banco Central registra expansão de 1,15% em novembro. Ritmo de cortes na taxa de juros pode diminuir

Vânia Cristino/ Especial Estado de Minas
postado em 17/01/2012 07:20
Alexandre Tombini, presidente do BC: desempenho anima equipe e prioridade será o combate à inflação
O Brasil voltou a crescer e surpreendeu o mercado. Enquanto a maioria dos analistas esperava o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de novembro em torno de 0,9%, o país registrou avanço de 1,15%, desempenho que foi recebido com euforia pelo governo. Além das vendas do comércio, a recuperação da indústria contribuiu: a expectativa é de que tenha feito de dezembro mais um mês de crescimento elevado.

Para a equipe econômica, a atividade saiu do fundo do poço e vai dar passos ainda mais largos sob efeito do novo salário mínimo e do impacto do afrouxamento monetário. Em fevereiro, o piso nacional chega ao bolso dos trabalhadores valendo R$ 622. Na visão de especialistas, praticamente todo o ganho extra será direcionado para o consumo, o que deve promover uma expansão forte no Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas do país) no início do ano. No segundo trimestre, a economia começa a sentir o efeito dos cortes nos juros básicos (Selic) feitos até agora e o brasileiro poderá ter acesso a financiamentos mais baratos.

Com a economia praticamente de volta ao seu curso normal, a equipe do presidente do BC, Alexandre Tombini, tende a ficar mais conservadora e concentrar suas forças no combate à inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal, calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), assustou ao registrar elevação de 0,97% na segunda prévia de janeiro. As perspectivas do boletim semanal Focus para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês também estão ligeiramente distantes do ideal para que a carestia encolha para o centro da meta, definida em 4,5% . A expectativa do mercado para janeiro é de 0,55%, taxa 0,17 ponto percentual acima do desejado pelo BC.

Mesmo com esse cenário animador e às vésperas da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do ano, o mercado acredita que ainda não há elementos suficientes para uma mudança na estratégia do BC. Segue unânime a aposta de mais um corte de 0,50 ponto percentual, porém, os analistas começam a questionar até quando será possível seguir com o afrouxamento monetário. Se os especialistas estiverem certos, amanhã a Selic cairá de 11% ao ano para 10,5%. ;A queda já está precificada;, afirmou o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho.

Sinais
Alfredo Barbutti, economista da corretora BGC Liquidez, afirma que a dúvida em relação à longevidade do ciclo de ajuste foi plantada pelo próprio BC na divulgação do último relatório trimestral de inflação, em dezembro do ano passado. ;O diretor (do BC) Carlos Hamilton indicou que o período de cortes seria menor do que o previsto inicialmente pelo mercado;, disse. Agora, a reunião do Copom de 6 e 7 de março começa a figurar como possível limite para as quedas de 0,50 ponto percentual na Selic, quando a taxa alcançaria 10% ao ano. Entretanto, tudo deve depender do cenário internacional.

;O Banco Central já viveu essa situação antes (de inflação e crescimento em alta) e não mudou de ideia quanto à flexibilização da política monetária. O BC vem se pautando mais pelo cenário internacional;, ponderou Jankiel Santos, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank. Mauro Schneider, economista-chefe do Banif, considera que ainda é cedo para falar em mudança na rota da taxa Selic. ;O peso do cenário internacional deve continuar a ser relevante e ele ainda está mergulhado em incertezas e riscos;, argumentou.

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Vendas
Segundo a prévia do antecedente de atividade econômica do Itaú Unibanco, o país cresceu 0,4% em dezembro do ano passado, puxado por uma aceleração da produção industrial e das vendas do varejo. Comparada a dezembro de 2010, a expansão foi de 1,8%. A perspectiva do banco para o quarto trimestre do ano é de expansão de 0,2%. ;Apesar dos sinais de que a economia voltou a se expandir na margem, o último trimestre de 2011 ainda foi fraco;, observou Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco.

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