Economia

Brasil vive "apagão" da mão de obra qualificada em setores em expansão

postado em 01/05/2012 08:36
A menor taxa de desemprego da história brasileira (6%) ; alcançada ano passado no embalo da acelerada formalização de trabalhadores desde a última década ; é motivo para comemoração no Dia do Trabalho. Mas ela também serve para evidenciar deficits de qualificação profissional. Os sintomas mais claros do problema são os chamados apagões da mão de obra qualificada em setores com grande expansão no país, como a construção civil, a indústria metal-mecânica e a exploração de petróleo e gás. Mas há outro dado que está deixando técnicos do governo e da iniciativa privada ainda mais preocupados em relação às distorções no mercado de trabalho. Eles temem para os próximos anos um quadro de escassez de pessoal mais amplo e complexo provocado pela atual crise no ensino médio.

Os primeiros sinais dessa crise com razões diversas já podem ser percebidos nas grandes cidades. Com ensino médio incompleto e sonho de se formar em engenharia civil, Daniel Lucena, 21 anos, sente na pele a falta de qualificação, apesar de ter feito cursos sobre rotinas de escritório e gestão de recursos humanos. ;Falam que tem muito emprego, mas só para quem tem qualificação. Fui criado no Paraná e nasci em Brasília, para onde retornei em busca de oportunidades. Vivo dos meus pais;, queixa-se. Ele enxerga nos concursos públicos uma saída duradoura para a sua indefinição profissional, mas lamenta não ter o estudo suficiente para enfrentar a grande concorrência.

Segundo especialistas ouvidos pelo Correio, as falhas na fase escolar intermediária do sistema educacional público, com responsabilidade concentrada nos governos estaduais, deverão alimentar o fenômeno de importação de trabalhadores, a exemplo de engenheiros contratados pela Petrobras, e ainda impulsar a demanda dos programas sociais e de transferência de renda. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) constatou que a crise global e o bom desempenho da economia nacional vêm atraindo estrangeiros para morar no país e estimulando a volta de brasileiros que viviam fora. Só em 2010 foram 268.486 imigrantes, 87% acima dos 143.644 de 2000. Do total, 65,1% nasceram no Brasil.

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