Economia

Ucrânia afunda na crise econômica e política e tem nota rebaixada

Agência France-Presse
postado em 06/12/2012 13:41

Kiev - A agência Moody;s baixou a nota da Ucrânia e o FMI adiou a sua missão em Kiev: a renúncia do governo esta semana deixou ainda mais sombrias as perspectivas desta ex-república soviética, já em recessão.

A Moody;s reduziu na quarta-feira em um escalão a nota da Ucrânia, para "B3" contra "B2" anteriormente, com a manutenção da perspectiva negativa. O fator principal para esta redução se baseia "na deterioração do poderio institucional do país, tendo como cenário as grandes incertezas acerca das políticas futuras, assim como das informações sucintas em matéria de transparência", explicou a agência.

Nesta quinta-feira de manhã, o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou o adiamento de uma visita a Kiev de sua missão encarregada de examinar as condições para a concessão de sua ajuda financeira, de grande importância para este país.

"A pedido das autoridades ucranianas, a missão do FMI que deveria visitar Kiev de 7 a 17 de dezembro (...) foi adiada para a segunda quinzena de janeiro" para permitir que o novo governo participe das negociações, indicou o Fundo em um comunicado.

Esses anúncios foram feitos alguns dias depois do feito na segunda-feira pela Presidência ucraniana da demissão do primeiro-ministro Mykola Azarov, com todo o seu gabinete. O governo continua a exercer suas funções interinamente até a nomeação de um novo.



Azarov, um homem fiel ao presidente Viktor Yanukovich, tem boas chances de ser reconduzido a esse posto, declarou na quarta o chefe de Estado, sem portanto diminuir as preocupações. Seu Partido das Regiões tem dificuldade em reunir uma maioria no novo Parlamento, eleito nas eleições do final de outubro e que deve se reunir pela primeira vez na semana que vem.

A equipe no poder, que comanda o país desde o início de 2010, tem sido muito criticada pelo agravamento da corrupção no país e por pressionar os meios empresariais. A política do novo governo é considerada um mistério, o que reforça a preocupação dos economistas. Fortemente afetada pela crise econômica mundial, a Ucrânia, que viu seu PIB desabar 15% em 2009, entrou novamente em recessão.

Após um crescimento no primeiro semestre, o PIB caiu 1,2% no terceiro trimestre e continuará a recuar até o final do ano, preveem de forma unânime os especialistas.

Neste contexto, a nota da Moody;s "apenas ressalta a situação macroeconômica precária" da Ucrânia, que corre o risco de não conseguir cumprir suas obrigações externas em 2013, indica o banco de investimentos Renaissance Capital em uma nota de análise.

A Ucrânia deve pagar em 2013 cerca de 7,2 bilhões de dólares para arcar com sua dívida pública, e, para isso, é "essencial" concluir um novo acordo como o FMI, considera o banco francês BNPParibas.

O Fundo havia concedido à Ucrânia, em julho de 2010, uma linha de crédito de 15,3 bilhões de dólares, mas se recusa há dois anos desbloquear uma nova parcela, considerando que Kiev não implementou as reformas exigidas em contrapartida dessa assistência. Até o momento, o FMI desbloqueou apenas 3,4 bilhões de dólares em duas parcelas, sendo que a última foi concedida em dezembro de 2010.

O texto do orçamento adotado nesta quina pelo Parlamento não estabelece um compromisso com o FMI, sem uma previsão de aumento dos preços do gás no mercado interno, uma exigência da organização.

"Com esses parâmetros orçamentários, será muito difícil contar com uma renovação da cooperação" entre Kiev e o FMI, considera Olexandre Parachtchiy da empresa de investimentos Concorde Capital.

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