Economia

G20 se compromete a evitar "guerra econômica"

Brasil e países emergentes denunciam prática há dois anos

Agência France-Presse
postado em 16/02/2013 17:50
Brasil e países emergentes denunciam prática há dois anos
MOSCOU
- Os países do G20 prometeram neste sábado evitar uma "guerra econômica", abstendo-se de promover "desvalorizações competitivas", e disseram estar "decididos" a modificar o sistema fiscal internacional, para que as multinacionais não se esquivem do pagamento de impostos.

"O mundo não deveria voltar a cometer o erro de usar as moedas como instrumentos de uma guerra econômica", declarou o ministro britânico das Finanças, George Osborne, no segundo e último dia de reuniões do grupo de potências industrializadas e emergentes na capital russa.



A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, reconheceu que existe uma "preocupação", mas descartou uma "guerra de moedas".

Até pouco tempo atrás, a disputa sobre as divisas estava centrada nas divergências entre as potências ocidentais e a China, acusada de manter o iuane artificialmente baixo para favorecer suas exportações.

Mas as injeções de liquidez do Federal Reserve americano e, mais recentemente, do Banco Central japonês, que buscam favorecer a atividade em seus respectivos países, depreciaram o dólar e o iene, o que, automaticamente, encarece as divisas de seus competidores e castiga suas exportações.

Os emergentes, começando pelo Brasil, vêm denunciando há dois anos estas práticas. Agora, recebem o apoio de países europeus que, como a França, sustentam que o euro é muito forte e está atrasando a saída da crise.

Para evitar uma onda de desvalorizações competitivas de moedas, os países ricos do G7 reafirmaram na terça-feira que é preciso deixar que o mercado fixe por si só as taxas de câmbio.

"Iremos nos abster de desvalorizações competitivas. Não fixaremos objetivos de taxas de câmbio com fins competitivos", afirma o comunicado final.

As 20 economias industrializadas e emergentes esperam, assim, convencer os mercados de que não cairão em uma guerra cambial, algo que havia levantado o temor de uma onda de desvalorizações.

"A política monetária deve se dirigir à estabilidade dos preços em nível nacional e seguir apoiando a recuperação econômica, conforme os respectivos mandatos" dos diferentes bancos centrais, consideraram os países ricos e emergentes.

"Deve-se tomar medidas para aumentar a competitividade de nossas economias, mas os governos têm que evitar a manipulação das moedas", declarou o ministro russo Anton Siluanov, cujo país preside o G20 este ano.

O comunicado também defende a adoção de "estratégias confiáveis a médio prazo" para reduzir os déficits orçamentários, mas não fixa objetivos numéricos ou datas.

"Os perigos que ameaçam a economia mundial retrocederam e as condições dos mercados financeiros melhoraram. Contudo, ainda existem riscos importantes, e o crescimento mundial continua muito fraco", diz o texto.

O G20 parece se aproximar do ponto de vista do FMI, que pediu uma moderação da austeridade, e ao da Comissão Europeia, que parece considerar possível ampliar os prazos para reduzir os déficits.

Por outro lado, o G20 está decidido a tomar as medidas e "ações coletivas necessárias para preencher as lacunas do sistema fiscal internacional que permitem às multinacionais evitar o pagamento de impostos", segundo o comunicado.

Os ministros das Finanças do G20 "esperam o plano de ação global" que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentará em julho, segundo o texto.

"Estamos decididos a implementar medidas destinadas a lutar contra a erosão da base tributária e a transferência de lucros, e a tomar as medidas necessárias, e esperamos o plano de ação global que a OCDE apresentará em julho" em uma nova reunião em Moscou, escreveram os ministros.

"Reiteramos nosso compromisso de reforçar as trocas automáticas de informação (...) e apoiamos a análise da OCDE a favor de uma aplicação multilateral neste âmbito", acrescentaram.

Em um documento publicado esta semana, a OCDE, com sede em Paris, prometeu preparar até o verão boreal um plano de ação ambicioso para refundar as normas internacionais, não adaptadas à globalização e que permitem, frequentemente, que as multinacionais escapem completamente do pagamento de impostos.

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