Economia

Mercado de petróleo pouco afetado a curto prazo pelo acordo com o Irã

Irã é grande produtor de petróleo e as potências mundiais alcançaram um acordo, no domingo (24/11), para limitar o programa nuclear da república islâmica em troca de um alívio parcial nas sanções

Agência France-Presse
postado em 25/11/2013 15:23
Londres - O acordo com o Irã sobre seu programa nuclear não terá um grande impacto no mercado de petróleo a curto prazo, mas isso pode acontecer se acabar havendo a suspensão de todas as sanções a Teerã.

O Irã, grande produtor de petróleo e as potências mundiais alcançaram um acordo, no domingo, para limitar o programa nuclear da república islâmica em troca de um alívio parcial nas sanções após cinco dias de negociações.



"Este acordo provisório é uma primeira etapa e não tem impacto nas sanções que são aplicadas atualmente às exportações de petróleo iranianas", explicou à AFP Harry Tchilinguirian, estrategista do banco francês BNP Paribas.

"O Irã consegue apenas uma suspensão ;limitada, concreta e reversível; das sanções a seus setores financeiro e energético", concordaram os analistas da Credit Suisse.

"O Brent subiu na semana passada em resposta aos rumores no mercado de que as negociações não iam muito bem e o que vemos agora é uma correção à queda dos preços", disse Victor Shum, da consultoria IHS Purvin and Gertz, de Cingapura.

"De todo modo, o impacto do acordo na produção de petróleo será limitado porque muitas das sanções continuam de pé", acrescentou Shum.

Tan Chee Tat, analista de investimentos da Phillip Futures, de Cingapura, disse que o preço do petróleo WTI caiu menos porque o acordo terá mais impacto no Brent.

"O Brent e o petróleo iraniano abastecem os mesmos clientes regionais. Portanto, a notícia teve um maior impacto negativo no Brent que no WTI", explicou.

[SAIBAMAIS]Os especialistas apontaram dois elementos que poderiam ter consequências imediatas no mercado de petróleo.

Primeiro, a possibilidade para as companhias de seguros europeias de assegurar um novo carregamento de petróleo do Irã, o que fará com que "o petróleo iraniano esteja mais disponível para clientes asiáticos", disse a Commerzbank.

Segundo, os importantes carregamentos prontos para sair do Irã poderiam "chegar rapidamente ao mercado", disse a Credit Suisse, estimando-os em uma quantidade de entre 25 e 30 milhões de barris.

A médio prazo, um acordo definitivo que acabasse com as sanções se traduziria na chegada ao mercado de 1 milhão de barris de petróleo por dia, segundo vários analistas, em um momento em que a oferta é abundante.

As sanções fizeram efetivamente as exportações iranianas caírem de 2,5 milhões de barris em 2011 a 1,1 milhão nos primeiros meses de 2013, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

"Será difícil aumentar rapidamente as entregas (...) considerando o envelhecimento das infraestruturas", disse Andrey Kryuchenkov, analista da VTB Capital, que lembrou que "voltar a pôr as instalações em funcionamento nunca é fácil".

Para a Credit Suisse, "o Irã precisaria de dois trimestres após a suspensão total das sanções para recuperar 75% da produção que perdeu".

O impacto da chegada desse petróleo é incerto, mas Kryuchenkov acredita que a Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep), tentará "defender o nível dos 100 dólares", principalmente com uma redução da produção da Arábia Saudita, primeiro produtor mundial.

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