Economia

Opep aposta que demanda não cairá e petróleo deve continuar caro

A decisão de manter o status quo foi tomada apesar do aumento do petróleo de xisto nos Estados Unidos e no Canadá, e os anúncios efetuados em Viena pelo Iraque, Irã e Líbia de que preveem aumentar sua produção e suas exportações em 2014

Agência France-Presse
postado em 05/12/2013 11:34
Viena - O preço do barril de petróleo continuará em cerca de 100 dólares em 2014, após a aposta da Opep de que a demanda não cairá e de que não haverá superprodução, destacam analistas. Os 12 países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), que fornecem cerca de um terço do petróleo consumido pelo planeta, decidiram manter seu teto de produção em 30 milhões de barris diários (mbd), em uma reunião na quarta-feira (4/12) em Viena.

A decisão de manter o status quo foi tomada apesar do aumento do petróleo de xisto nos Estados Unidos e no Canadá, e os anúncios efetuados em Viena pelo Iraque, Irã e Líbia de que preveem aumentar sua produção e suas exportações em 2014. Analistas em Viena, que previam essa decisão, disseram que a aposta da Opep - de que essa maior produção de petróleo não impactará os preços do barril, que oscila ao redor dos 100 dólares - se baseia no fato de que a demanda mundial de petróleo continuará sendo sólida, o que sustentará os preços.

Os preços do barril não retrocederão em 2014 "porque as economias asiáticas continuam crescendo", disse à AFP a especialista em petróleo Cornelia Meyer, da MRL Corporation. Essas economias "ainda estão tentando incorporar milhões de pessoas à classe média", lembrou.

Jason Schenker, economista chefe da consultoria Prestige Economics, previu que os preços do barril de Brent - referência para boa parte do mundo - "oscilarão entre 95 e 115 dólares, na maior parte de 2014". "A economia global está melhorando e a demanda global de petróleo vai crescer, especialmente pelos avanços nas economias emergentes no próximo ano e em 2015", acrescentou.

A analista reconheceu a possibilidade de que "chegue muito mais petróleo ao mercado", se forem suspensas as sanções internacionais impostas contra o Irã por seu programa nuclear, que significou a Teerã milhões em perda de suas receitas petroleiras. O ministro do petróleo iraniano, Bijan Zanganeh, declarou em Viena que seu país estaria com capacidade de produzir 4 mbd "imediatamente" depois da suspensão das sanções, após o acordo alcançado em Genebra no final de novembro entre Teerã e as grandes potências.



As exportações iranianas, que em 2011 se elevavam a 2,5 mbd, caíram mais de 50%, a 1,2 mbd, como consequência do embargo de petróleo, informou o ministro do Irã. O retorno do Irã ao mercado, assim como o aumento da produção do Iraque e da Líbia, leva alguns analistas a projetar uma queda do preço de petróleo, mas só até o final do próximo ano.

"Esperamos que o aumento da produção de petróleo de xisto e do Irã, combinado com uma frágil demanda econômica, poderia arrastar os preços do petróleo a 90 dólares, no final de 2014", informou o grupo de pesquisas Capital Economics, com sede em Londres. Contudo, a maior parte de analistas põe em dúvida uma queda dos preços do barril ao longo do ano que vem.

Cornelia Meyer se disse "muito cética" diante do forte aumento da produção iraquiana, devido à "situação de segurança", que ainda traz muitos problemas. O ministro de Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez, reconheceu que a Opep continua atenta, para definir sua quota conjunta, vários fatores, entre eles o aumento da produção do petróleo de xisto norte-americano, estimado atualmente em 2,7 mbd, e que está aumentando.

Se esta produção, assim como o anunciado aumento das exportações do Irã, Iraque e Líbia, repercutem em uma queda dos preços, a Opep se reunirá para examinar a situação do mercado, alertou Ramírez, que destacou que a organização está determinada a não deixar que os preços do barril caiam abaixo dos 100 dólares.

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