Economia

Na Receita Federal, servidor acredita estar acima do bem e do mal

O brasileiro que precisa resolver alguma pendência com o Fisco deve se preparar para um calvário marcado por desrespeito e autoritarismo

postado em 23/12/2013 08:00

Félix toma o café servido pela mulher, Marlene. Ele saiu de casa às 4h da manhã atrás de atendimento do Leão

Na televisão sem foco e sem volume, imagens de filmes e novelas repetidas tentam anestesiar quem aguarda atendimento no posto da Receita Federal em Brasília. No balcão onde, em tese, o cidadão deveria ser bem informado, servidores públicos demonstram pouca paciência. ;Quem falou para vir aqui? Vou entrar no site e provar que não é aqui;, dizia um deles, irritado, diante de um acuado senhor que só estava obedecendo à orientação recebida anteriormente por outro funcionário do Estado.

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As informações erradas ; ou, no mínimo, incompletas ; e a intolerância por parte de quem deveria esclarecê-las dão a impressão de que, por detrás de guichês antigos, não há disposição alguma para resolver o problema. ;Tratam a gente como se fosse lixo. E se atenderem um ou mil, tanto faz;, descreve o professor Félix Alves da Silva, 59 anos, que fez a declaração do Imposto de Renda no primeiro dia do prazo e quer saber apenas por que a restituição ainda não havia sido liberada.


[SAIBAMAIS]Para ter acesso à informação, Félix acordou às 4h a fim de fugir do trânsito pesado na saída de Valparaíso de Goiás, onde mora, e chegar antes de a Receita começar a funcionar, às 7h, como informa a folha rasgada na entrada do prédio. A mulher, Marlene, 42, levou café para amenizar a espera. Quando os portões abriram, o casal pegou a senha número 1, mas foi o quarto a ser atendido. ;O Brasil precisa mesmo é ser reinventado;, diz o contribuinte, que leciona história na rede pública. São 40 anos de contribuição previdenciária, três infartos, mas até agora a aposentadoria não saiu. Félix é só mais um dos milhões de brasileiros que pagam impostos pesadíssimos ao Estado, mas quase nada recebem de volta, como mostra a série de reportagens do Correio iniciada ontem.

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