Economia

EUA mantém redução de estímulos alheio à tensão de mercados emergentes

A taxa básica de juros, próxima a zero desde o final de 2008, continuará nesse nível, confirmou o Fed em comunicado

Agência France-Presse
postado em 29/01/2014 20:54
O Federal Reserve (Fed) manterá inalterada sua taxa básica de juros e continuará reduzindo suas injeções de liquidez nos Estados Unidos, alheio à tensão vivida pelos países emergentes, que nos últimos dias sofreram fortes quedas de suas moedas.

Após uma reunião de dois dias de seu Comitê de Política Monetária (FOMC), a última presidida por Ben Bernanke, o Fed concluiu que o crescimento econômico dos Estados Unidos "se acelerou" nos últimos trimestres, portanto, reduzirá a partir de fevereiro em 10 bilhões de dólares mensais (a 65 bilhões) seu programa de recompra de ativos.

A taxa básica de juros, próxima a zero desde o final de 2008, continuará nesse nível, confirmou o Fed em comunicado.

O endurecimento da política monetária era esperado pelos analistas e alguns especialistas já tinham alertado sobre suas consequências sobre os países emergentes, que nos últimos dias enfrentaram turbulências.

Preocupados com problemas sociais e políticos internos e antecipando a decisão do Fed, os investidores já tinham começado a abandonar os países emergentes, provocando uma queda de suas divisas.

As moedas da Argentina, Turquia, Rússia e África do Sul, entre outras, sofreram fortes quedas nos últimos dias.

Alguns bancos centrais, como os da Índia e da Turquia, reagiram na terça-feira à queda das divisas anunciando aumentos de suas taxas de juros.

Contudo, isso não teve resultados muito bons, pelo menos de forma imediata.

Em seu comunicado, o Fed não mencionou os movimentos que afetam os emergentes.

Reduções continuarão nos próximos meses

O banco central dos EUA detalhou que reduzirá a partir de fevereiro de 35 a 30 bilhões de dólares sua compra mensal de títulos ligados a dívidas hipotecárias (MBS) e de 40 a 30 bilhões de dólares a recompra de títulos do Tesouro.

Seis semanas atrás, se baseando em uma melhora do mercado de trabalho, o Fed começou a reduzir seu estímulo monetário à economia, quando passou de 85 bilhões de dólares mensais a 75 bilhões.

O banco central informou que esta redução da compra de ativos continuará "por etapas decididas ao longo das próximas reuniões" se o mercado de trabalho melhorar e a inflação se aproximar da meta de 2% ao ano. A inflação foi de 0,9% em novembro, segundo o índice PCE.

O Fed mencionou uma melhora do mercado de trabalho e, sobretudo, um aumento dos gastos das famílias e os investimentos empresariais.

Na terça-feira, o presidente Barack Obama afirmou que 2014 seria um bom ano em matéria econômica, evocando em seu discurso do Estado da União "a taxa de desemprego mais baixa em cinco anos (6,7%)" e a recuperação do mercado imobiliário.

O Fed prevê um crescimento do PIB de entre 2,8% e 3,2% para 2014, segundo suas projeções de dezembro.

Despedida de Bernanke
A reunião do FOMC esteve marcada, sobretudo, pela passagem do comando de Bernanke, no cargo há oito anos, a Janet Yellen, a primeira mulher a assumir a presidência do banco central norte-americano.

Contudo, não são esperadas mudanças no rumo do Fed após a posse de Yellen.

"Se houver mudanças na política monetária serão mínimas", projetou Paul Ashworth, da Capital Economics, para quem Yellen é "a candidata da continuidade".

O Fed deve ter em breve um novo vice-presidente, cargo que recairá, provavelmente, a Stanley Fischer, um ex-diretor do Banco Central de Israel e número dois do FMI nomeado por Obama, que deverá contar com a aprovação do Senado.

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