Economia

Microcrédito em comunidades pacificadas do Rio atingirá R$ 35 mi este ano

Em 2012, quando o programa de microcrédito foi iniciado pela Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro (AgeRio), o volume de financiamentos somou R$ 400 mil para 102 contratos

postado em 19/02/2014 18:31
A concessão de microcrédito nas comunidades pacificadas e em vias de pacificação no Rio de Janeiro deverá totalizar, este ano, 7 mil contratos fechados, com empréstimos da ordem de R$ 35 milhões. No ano passado, foram concedidos R$ 10,3 milhões em microcrédito para 2.026 contratações. Em 2012, quando o programa de microcrédito foi iniciado pela Agência Estadual de Fomento do Rio de Janeiro (AgeRio), o volume de financiamentos somou R$ 400 mil para 102 contratos. A taxa de inadimplência é 1,36%.

A meta até 2018 é atingir uma carteira com 20 mil pequenos empreendedores financiados nessas comunidades, disse nesta quarta-feira (19/2) à Agência Brasil o chefe de Departamento de Microcrédito da AgeRio, Helber Venâncio. Ele participou de workshop sobre o Sistema Nacional de Fomento, promovido pela Associação Brasileira das Instituições Financeiras de Desenvolvimento (ABDE).

O programa de microcrédito da AgeRio está presente em 37 regiões que abrigam comunidades com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), além das regiões do Complexo da Maré, em processo de pacificação, e de Rio das Pedras, Covanca e Gardênia Azul, essas três ainda não pacificadas.

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Helber Venâncio informou que os financiamentos nas comunidades pacificadas ou em processo de pacificação são baseados em recursos do Fundo UPP Empreendedor, criado pela Lei Estadual 6.139/2011. Nas demais, é adotado o Programa Microcrédito AgeRio, que usa recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com contrapartida de recursos próprios, para incentivar o empreendedorismo no estado. O objetivo, disse Venâncio, é que as prefeituras possam aderir e que a operação seja efetivada em parceria com as administrações municipais.

O microcrédito é usado, exclusivamente, em atividades produtivas na comunidade. Os segmentos mais procurados têm sido alimentação, vestuário e salão de beleza. ;Mas a atuação é muito ampla, muito abrangente;, destacou. Atividades de pesca também já buscaram financiamento, além de hostels (albergues), que estão em franco crescimento dentro das comunidades, atraindo visitantes de outros estados e países, disse o chefe do Departamento de Microcrédito.

Octaviano Gomes de Araújo pegou R$ 3,5 mil emprestados há um ano e quatro meses para transformar sua casa em um hostel, na Favela da Coroa, em Santa Tereza, centro do Rio. Com os recursos, comprou piso, caixa d;água, colchões, roupas de cama, toalhas. ;Funcionou. O juro é maravilhoso;, disse à Agência Brasil, salientando que a melhor taxa que havia encontrado no mercado chegava a 4,8% ao mês. No programa de microcrédito, obteve 3% ao ano. Parceiro de dois sites de hospedagem internacionais, Octaviano recebe turistas do mundo inteiro. ;É raro eu não ter hóspedes;. Para o carnaval, disse estar ;abarrotado;. Ele já pensa em fazer novo empréstimo, de R$ 15 mil, para ampliar a capacidade atual, de dez pessoas.

Na avaliação de Maria Aparecida Magalhães da Silva, que tomou empréstimo no ano passado para abrir uma loja de roupas e acessórios no Complexo do Alemão, as coisas melhoraram muito, desde então. "A ajuda é muito importante. Eu adorei;, disse ela à Agência Brasil, acrescentando que também está pensando em solicitar novo empréstimo, tão logo termine de quitar este, ;para melhorar mais [o negócio];. Terceira colocada no Prêmio Empreendedor Comunidade, Cida disse que outras pessoas da comunidade a procuram para se informar sobre o programa, ao verem o sucesso de seu empreendimento.

Uma das consequências do financiamento é a formalização dos micro e pequenos empreendedores autônomos, segundo Helber Venâncio, ;porque abre uma perspectiva de crescimento, de valorização". Ele defende que a formalização deve ocorrer por iniciativa dos próprios empresários. "Nós não achamos que a formalização possa se resolver por decreto, impondo que as pessoas tenham que se formalizar;. Segundo Venâncio, o empreendedor precisa se sentir motivado a legalizar o seu negócio.

O valor do crédito concedido pelo Fundo UPP Empreendedor varia de R$ 300 a R$ 15 mil, com taxa de juros de 3% ao ano, carência de três meses e prazo de pagamento de até 24 meses. Como garantia, é exigida a figura de fiador com renda comprovada ou constituição de grupo de fiança solidária.

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