Economia

Apoio extraordinário à economia americana ainda é necessário, aponta Fed

Segundo a presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, disse ainda que a economia dos Estados Unidos está "ainda muito longe dos dois objetivos do Fed'

Agência France-Presse
postado em 31/03/2014 13:12
Janet Yellen, presidente do banco central americano
Washington - A presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Janet Yellen, indicou nesta segunda-feira (31/3) que o apoio excepcional do banco central à economia americana ainda é necessário e continuará sendo por um certo tempo.

Na delimitação mais clara de suas prioridades desde que assumiu o comando do banco central, em fevereiro, Yellen afirmou que a queda constante da taxa de desemprego oficial a 6,7% mascara fraquezas profundas que existem no mercado de trabalho americano.

Em um discurso em Chicago, ela apontou especialmente o nível elevado de pessoas desempregadas por um longo período, apesar da recuperação da crise.

"Embora tenha havido progresso constante, não há dúvida de que a economia e o mercado de trabalho não voltaram ao seu estado de saúde normal", declarou.

"A recuperação ainda é sentida como uma recessão para muitos americanos, e também é o que parece a partir de algumas estatísticas econômicas", explicou.

Yellen enfatizou que, embora o Fed tenha começado a ajustar seu enorme programa de compra de títulos, a lentidão na recuperação do mercado de trabalho mostra que a economia ainda precisa de seu apoio na forma de taxas de juros muito baixas e de programas para as comunidades de baixa renda.


Ela tomou como exemplo uma mulher, Dorine Poole, que perdeu seu emprego de processamento de reclamações médicas no início da crise de 2008 e, apesar de possuir experiência de trabalho, ainda não conseguiu encontrar uma vaga de tempo integral.

"Quando os empregadores começaram a contratar novamente, dois anos de desemprego se tornaram uma desqualificação", explicou Yellen, apontando para um problema comum do período pós-recessão.

Ela também citou outra mulher demitida de uma fábrica de impressão com muita experiência e que agora precisa trabalhar em período parcial servindo amostras de alimentos em um supermercado.

Para pessoas como ela, disse Yellen, "o mercado de trabalho é mais difícil agora do que em qualquer recessão".

"O número de pessoas que têm tentado encontrar trabalho por mais de seis meses ou mais de um ano é muito maior hoje do que jamais existiu, desde que os registros começaram, décadas atrás", ressaltou.

Em geral, afirmou, a economia continua muito aquém das metas de emprego sustentável e inflação estável do Fed.

Enquanto a inflação permanece extraordinariamente baixa e não é um problema, o mercado de trabalho, explicou Yellen, é um desafio.

Segundo a presidente do Fed, a maioria do comitê monetário da entidade situou a taxa ideal de pleno emprego entre 5,2% e 5,6%, muito abaixo dos 6,7% registrados em fevereiro.

Yellen também observou que, em razão da diminuição histórica do número de pessoas que têm ou que procuram ativamente um emprego - que é de 63%, contra 66% antes da recessão -, a taxa de desemprego de 6,7% pode "superestimar" os progressos realizados no mercado de trabalho.

Referindo-se a um debate atual entre economistas e formuladores de políticas, Yellen disse que alguns dos problemas na luta contra o desemprego são estruturais - muitos dos desempregados não têm as habilidades certas para a economia de hoje.

No entanto, se este fosse o principal problema, argumentou, seria principalmente uma questão de inflação e a política monetária do Fed para estimular a criação de empregos através de taxas de juros extremamente baixas não teria sido tão bem-sucedida quanto tem sido.

Além disso, segundo ela, a evidência de um nível elevado de pessoas em empregos de período parcial, um nível muito baixo de rotatividade entre os empregados, uma baixa taxa de participação no mercado de trabalho e um aumento extremamente pequeno dos salários, tudo aponta para uma fragilização cíclica e significativa no mercado de trabalho.

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