Economia

Preço da comida sobe e pode superar o limite estabelecido pelo governo

Mercado espera IPCA de 0,84% em março, o maior índice para o mês desde 2003

Rosana Hessel
postado em 08/04/2014 08:36
Monique Casado:
A escalada dos gastos com alimentação, que têm peso significativo no orçamento doméstico, atormenta cada vez mais os consumidores. ;Não dá para fugir. Quando os preços em um setor melhoram, certamente, os de outro vão aumentar. Os ovos, por exemplo, eram baratinhos e agora custam R$ 5 a dúzia;, reclama a servidora pública Monique Casado, 30 anos. Ela se refere à variedade produzida nas granjas, que sai mais em conta. Ovos caipiras, porém, podem chegar a R$ 10. A carestia generalizada também atinge produtos como carne e leite, comuns da mesa dos brasileiros, que buscam, como podem, driblar a inflação. Monique, por exemplo, tenta economizar ficando atenta às ofertas dos supermercados e comparando os preços. ;Aproveito os dias de promoção e vou, sempre que posso, à Ceasa. A feira é ótima aos fins de semana e dá para comprar mais barato;, contou.

A alta do preço dos alimentos em função do clima desfavorável vem pressionando a inflação desde janeiro. Não é à toa que a popularidade da presidente Dilma Rousseff esteja caindo, conforme mostrou pesquisa eleitoral publicada no último fim de semana, pelo Instituto Datafolha. Segundo o levantamento, o consumidor está cada vez mais preocupado com a perda do poder aquisitivo, devido ao encarecimento constante dos produtos do orçamento familiar. E não há expectativa de melhora a curto prazo. Amanhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai divulgar o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, e a previsão dos analistas do mercado financeiro ouvidos toda semana pelo Banco Central (BC) é de que o indicador mostrará alta 0,84% ; o maior patamar para o mês em 11 anos, perdendo apenas para o 1,23% de março de 2003.



Técnicos do Ministério da Fazenda admitem que o dado virá salgado, mas têm a esperança de que os preços se acomodarão ao longo do ano. O cenário previsto pelos analistas, no entanto, é bem diferente. Segundo o levantamento feito pelo BC, eles preveem que, entre junho e setembro, o IPCA romperá o teto da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%, voltando a recuar ligeiramente no fim do ano para 6,35%. Os especialistas que mais costumam acertar nas projeções, grupo conhecido como Top 5, no entanto, acreditam que a inflação terminará 2014 em 6,52%, acima do limite fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. O pior é que esse descontrole inflacionário deve ocorrer num ambiente de baixo crescimento, no qual o Produto Interno Bruto (PIB) mostrará avanço de apenas 1,63%. Normalmente, o desaquecimento da economia acarreta moderação na alta de preços.

Promoções

No Brasil, entretanto, isso não está acontecendo, como constatou o chefe de cozinha Antônio Manoel Porfírio, 45. Há cerca de três meses, ele costumava comprar uma peça de contra-filé por cerca de R$ 15. Hoje, o mesmo produto custa R$ 5 a mais. ;O pior é que a qualidade não acompanha. Há muita carne com contrapeso, assim como congelados com água. O jeito é pesquisar e procurar alternativas;, afirma. A esposa dele, Alexandra Silva, 30, sentiu o aumento de preço dos legumes e do leite. ;Consumimos muita batata e tomate, então comecei a substituir por mandioca. Já o leite, procuramos por marcas baratas e na promoção para nosso consumo, enquanto a tradicional, mais cara, compramos apenas para Manuela, nossa filha;, disse ela.

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