Economia

FMI: Lagarde pede ações para consolidar recuperação econômica

"Apesar do fato de que o crescimento está se fortalecendo, alguns não estão sentindo isso. Ainda temos 200 milhões de pessoas desempregadas", diz diretora-gerente

Agência France-Presse
postado em 10/04/2014 19:45
Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI fala durante uma coletiva de imprensa
Washington - A economia mundial está se recuperando, mas são necessárias ações "sólidas" para superar os graves perigos que ela enfrenta e poder compartilhar o crescimento de maneira mais justa, defendeu a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, nesta quinta-feira (10/4).

Em entrevista coletiva prévia a uma reunião entre as principais autoridades econômicas do mundo em Washington, a diretora do FMI mencionou vários riscos à recuperação: a crise ucraniana, o menor crescimento das economias emergentes e a ameaça de deflação na zona do euro.

A recuperação da economia "ainda é muito frágil e muito lenta (...). São necessárias ações sólidas", disse Lagarde. "Apesar do fato de que o crescimento está se fortalecendo, alguns não estão sentindo isso. Ainda temos 200 milhões de pessoas desempregadas", acrescentou.



Mesmo com os riscos, há alguns sinais positivos, como o sucesso, nesta quinta, de uma emissão da dívida do país mais problemático da zona do euro, a Grécia, fora dos mercados financeiros desde 2010.

"A Grécia caminha na direção correta", e seu retorno aos mercados "está no horizonte", destacou Lagarde.

Nesta quinta à noite e na sexta-feira, os ministros das Finanças dos países desenvolvidos e emergentes do G20 se reúnem na capital americana, em paralelo às assembleias anuais de primavera (hemisfério norte) do FMI e do Banco Mundial (BM).

Novos quebra-cabeças

No horizonte dos dirigentes, aparecem vários quebra-cabeças para resolver, como uma escalada da crise ucraniana. Nesta quinta, a Rússia publicou uma carta enviada pelo presidente Vladimir Putin a 18 líderes europeus, na qual ameaça "cortar, total ou parcialmente, o abastecimento de gás" à Ucrânia.

[SAIBAMAIS]Em uma reunião prevista para hoje à tarde, em Washington, os ministros das Finanças dos países industrializados do G7 vão tratar do tema. A expectativa é que o assunto seja destacado no comunicado do G20 que deve ser divulgado amanhã.

Já o FMI continua estudando seu plano de ajuda à Ucrânia, que espera submeter à consideração dos países-membros até o início de maio.

Lagarde afirmou nesta quinta que não espera um "fracasso" da proposta, embora as duas iniciativas anteriores de ajuda tenham falhado por discordâncias entre o organismo e as autoridades locais.

No final de março, o Fundo já havia anunciado um pré-acordo para uma linha de crédito de US$ 14 bilhões a US$ 18 bilhões por dois anos para que a Ucrânia evite o "default".

O fantasma da deflação na Europa

O nível baixo de inflação na Europa também é prioritário nos debates. Se a tendência se aprofundar até se transformar em deflação (baixa prolongada dos preços ao consumo), isso poderá frear a atividade e aumentar o peso da dívida sobre as ainda frágeis finanças públicas europeias.

Nesta quinta, o FMI voltou a pressionar o Banco Central Europeu (BCE) para que implemente medidas "não convencionais" - inspiradas no Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) - para apoiar os preços.

"Acho que, agora, será uma questão de tempo", mas "antes tarde do que nunca", afirmou Lagarde, arriscando-se a provocar o BCE, que não costuma receber muito bem "os generosos conselhos" do Fundo, segundo a irônica expressão usada por seu presidente, Mario Draghi.

Os países do G20 também vão discutir o objetivo estabelecido em sua reunião em Sydney no final de fevereiro para aumentar o crescimento global em dois pontos percentuais adicionais até 2018.

A tarefa se apresenta difícil. O FMI prevê uma atividade "fraca" na Europa e teme que o potencial de crescimento de alguns países emergentes tenha "diminuído" por causa de fraquezas estruturais.

A organização de luta contra a pobreza Oxfam reclama que as desigualdades no mundo nunca são suficientemente tratadas nessas reuniões.

Tanto o FMI quanto o Banco Mundial "admitiram os perigos de uma explosão das desigualdades, mas não mostram nenhum sinal concreto de tratar o problema", criticou Nicolas Mombrial, que dirige a filial da Oxfam em Washington, em uma nota divulgada nesta quinta-feira.

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