Antonio Temóteo
postado em 11/04/2014 06:00
Apesar do otimismo demonstrado pelo governo, ressaltando que o pior da inflação ficou para trás após o surpreendente aumento de 0,92% em março, as previsões do mercado para a carestia nos próximos meses só pioram. Os analistas preveem um abril de reajustes disseminados e estimam que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegará a até 0,85%, puxado, além da comida, pela alta da energia elétrica, dos remédios e dos serviços (manicure, cabeleireiro, mecânico, entre outros).Em meio às divergências de projeções sobre os rumos do custo de vida, os consumidores não têm dúvidas de que a inflação está fazendo um estrago no seu orçamento. Os mais pobres que o digam. Entre as famílias com renda mensal de até 2,5 salários mínimos, a carestia cravou elevação de 0,85% em março, conforme o Índice de Preços ao Consumidor ; Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A expectativa do governo era de que as desconfianças do mercado em relação à inflação diminuíssem com a divulgação, ontem, da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual os juros subiram de 10,75% para 11% ao ano. Mas, em vez de um documento consistente, o que se viu foi um rol de dubiedades, detonando uma onda de ruídos. Abriu-se um fosso entre os analistas. Uma leva deles entendeu que o BC encerrou o processo de aumento da taxa básica (Selic), mesmo com a carestia em disparada. Outra, consolidou a visão de que ainda haverá nova alta de 0,25 ponto percentual em maio.
A ordem no Palácio do Planalto é para que se mantenha, a todo custo, o discurso positivo. O temor é de que o quadro mais negativo se confirme, com estouros sucessivos do teto da meta de inflação, de 6,5%. A se consolidar tal previsão, a meta de reeleição da presidente Dilma Rousseff poderá se perder no meio do caminho. Foi o aumento do custo de vida que derrubou em seis pontos percentuais as intenções de voto da presidente segundo as últimas pesquisas.
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