Economia

Guido Mantega critica falta de crédito, presidente do Bradesco rebate

Para o presidente do banco Bradesco a análise do minsitro é equivocada, porque para ele "não existe escassez de crédito"

Rosana Hessel
postado em 29/04/2014 14:02
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, criticou a falta de crédito para estimular o consumo do brasileiro e, consequentemente, a economia do país. ;Temos um dos maiores mercados internos do mundo porque a massa salarial do brasileiro continua crescendo e continuará crescendo, mas temos crédito escasso para o consumo. Tão logo ele seja reimplantado, teremos um avanço maior do mercado interno;, afirmou Mantega durante o Seminário Brasil Novo, na Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (29/4).

[SAIBAMAIS]Para o presidente do banco Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, essa análise é equivocada. ;Não existe escassez de crédito. Mesmo nos balanços que foram publicados, o crédito, ano a ano tem crescido acima de 10%. Ele tem uma relação com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Temos um PIB potencial e a oferta de crédito vai crescer na proporção da demanda por parte das pessoas físicas e das empresas. O credito está colocado;, afirmou o presidente do Bradesco, após participar de um debate no mesmo seminário na Câmara e pouco antes de participar de um encontro na Confederação Nacional da Indústria (CNI).



Na avaliação de Trabuco, o peso dos tributos sobre financiamentos chega a 16% do PIB e é um dos fatores que inibem o crédito porque compõem boa parte do spread bancário. ;Segundo as estatísticas, metade da carga tributária quando olhada para os impostos que são relacionados ao crédito, ele chega a esse nível. Não cogitaríamos não ter imposto. O problema é que a cunha fiscal é forte, que responde por mais de um terço do spread final;, disse ele destacando que o lucro dos bancos, que tem sido bastante elevado é resultado, em sua essência, da eficiência dos bancos porque eles investem bilhões de reais em informatização. ;O spread é uma parte do lucro;, resumiu.

Diálogo

De acordo com Trabuco, o setor financeiro tem tido várias conversas com o governo e representantes do setor automotivo para facilitar a retomada das vendas de veículos, criando um fundo garantidor para os financiamentos. ;Existe um diálogo no sentido de criar condições para que o crédito seja mais acessível. O volume total de crédito ao setor automotivo não caiu. O fundo tem relação com a demanda. Cada banco possui sua política e o financiamento depende do montante de entrada e do prazo de cada instituição. Os carros no pátio não podem ser justificados unicamente pela falta de crédito;, ponderou.

Nesta tarde, Mantega se reúne em seu gabinete com representantes do governo argentino e das montadoras para tentar encontrar uma solução para a retomada das vendas de veículos fabricados no país para o parceiro do Mercosul.

Análises rasas

Mantega voltou a afirmar que o governo não vai deixar a inflação estourar o teto da meta (de 6,5% ao ano). Na avaliação do ministro, a taxa de investimento está crescendo e as críticas de especialistas de que o modelo econômico está somente baseado no consumo não passam de ;análises rasas;. ;O investimento cresceu 6,1% de 2003 a 2012, e a gente espera que ele avance 7% a partir de 2013 até 2022. O investimento é uma prioridade do governo. A crise derrubou o investimento, mas ele vem se recuperando. No ano passado, cresceu 6,2%, e foi um excelente desempenho e poucos países tiveram um crescimento do investimento tão grande;, afirmou Mantega destacando que o plano de concessões em infraestrutura vai atrair quase R$ 700 bilhões de recursos da iniciativa privada no país, o que vai garantir ;um novo ciclo de desenvolvimento da economia brasileira;. ;Temos necessidade de aumentar a oferta de infraestrutura do país;, disse ele enumerando as áreas estratégicas como transportes, energia elétrica, petróleo e construção civil.

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