Economia

Opep mantém oferta em 30 milhões de barris por dia apesar das tensões

Após a decisão da Opep, o mercado de petróleo caminhou para uma terreno positivo, com alta de 40 centavos no barril de Brent do Mar do Norte, cotado a 109,92 dólares

Agência France-Presse
postado em 11/06/2014 14:22
Viena - A Opep, cartel de exportadores de petróleo, optou nesta quarta-feira por manter sua produção nos mesmos níveis, dando confiança ao mercado, apesar das tensões sobre o abastecimento global, que têm elevado os preços neste ano.

A Organização de Países Exportadores de Petróleo(Opep), responsável por um terço do petróleo do mundo, informou que os países-membros decidiram manter sua produção coletiva em 30 milhões de barris por dia, nível mantido desde o final de 2011.

A Arábia Saudita, maior produtor e membro mais influente do cartel, disse após o anúncio que está "muito satisfeita" com a situação do mercado global de petróleo.

"Quantas vezes eu já disse isso? Estou muito feliz com o mercado", afirmou o ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, a jornalistas ao deixar a reunião da Opep em Viena.



Na verdade, o cartel tem produzido menos do que a sua meta, em razão das tensões na Líbia -- abalada por conflitos persistentes -- e pela abundância na oferta dos Estados Unidos.

Após a decisão da Opep, o mercado de petróleo caminhou para uma terreno positivo, com alta de 40 centavos no barril de Brent do Mar do Norte, cotado a 109,92 dólares.

Petróleo em alta com ataques em Mossul

Os preços globais de petróleo subiram com as notícias de que jihadistas tomaram o controle de Mossul, segunda maior cidade do Iraque, e de uma faixa territorial no norte do país.

No entanto, o ministro do Petróleo do Iraque, Abdelkarim al-Luaybi, amenizou o impacto, garantindo a jornalistas em Viena que a maior parte da produção de petróleo encontra-se no sul do país.

Os membros da Opep continuam satisfeitos com os preços atuais da commodity, que subiram cerca de 10% desde dezembro por problemas de abastecimento e pelas tensões na Líbia e na Ucrânia.

"O preço é bom. Acho que o resultado (da reunião) também foi muito bom. O preço para todos nós, produtores e consumidores, está satisfatório", considerou o ministro do Petróleo de Angola, Jose Maria Botelho de Vasconcelos.

Para Omar Ali ElShakmak, ministro de Petróleo e Gás da Líbia e presidente da conferência da Opep, o movimento dos preços tem sido "mais reflexo das tensões geopolíticas do que uma resposta aos fundamentos de oferta e demanda".

O preço do petróleo tem ficado em torno dos 100 dólares o barril neste ano, impulsionado em parte pela crise na Ucrânia, que suscita preocupações de uma violenta guerra civil que possa alterar o abastecimento mundial de energia.

Por outro lado, a produção do Irã continua restrita devido às sanções por seu programa nuclear.

Ao mesmo tempo, as interrupções na produção da Líbia revelam que não há pressão sobre outros membros da Opep para reduzir os níveis de produção.

A produção da Líbia situa-se abaixo dos 200 mil barris por dia, muito menor do que sua capacidade plena de 1,5 milhão de barris por dia.

A Agência Internacional de Energia, que assessora países em suas políticas energéticas, pediu no mês passado que a Opep aumentasse sua produção para manter o mercado bem abastecido frente à expectativa de demanda aquecida no segundo semestre do ano.

A Opep, contudo, afastou essas preocupações nesta quarta-feira, declarando que o mercado está bem abastecido.

"O mercado do petróleo está estável e equilibrado, com uma oferta adequada para o crescimento constante da demanda", afirmou ElShakmak.

"A Opep, entretanto, continuará, como sempre, monitorando de perto a evolução do mercado de petróleo nos próximos meses."

Os ministros também decidiram em Viena estender o mandato de secretário-geral da Opep de Abdullah El-Badri por seis meses a partir de janeiro. O mandato já havia sido estendido para dezembro.

A Opep é integrada por países de Oriente Médio, África e América Latina. O próximo encontro será em Viena no dia 27 de novembro.

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