Economia

FMI: Desaceleração da economia brasileira pode contaminar América Latina

O relatório estima que um grande choque na economia brasileira pode gerar um impacto de até 16% no PIB paraguaio e até 10% no crescimento da economia Argentina

postado em 29/07/2014 13:00
O Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou para o risco de a desaceleração na economia brasileira contaminar parte da América Latina. Segundo o relatório ;2014 Spillover Report;, divulgado nesta terça-feira, o país ;se tornou um grande consumidor de bens produzidos pelos países vizinhos;, sobretudo Bolívia e Paraguai. Cerca de 35% das exportações desses países são para o Brasil, o equivalente a um impacto entre 11% e 13% no Produto Interno Bruto (PIB).


O impacto da economia brasileira nesses locais é tão grande que uma queda de 1 ponto percentual no crescimento do Brasil gera recuo de 0,9% na produção paraguaia. a Argentina e no Uruguai, boa parte das exportações também são endereçadas para o Brasil, em torno de 20%. Nesses locais, assim como na Bolívia, um recuo de ponto percentual na economia brasileira geraria queda de 0,25% na produção.

O relatório estima que um grande choque na economia brasileira pode gerar um impacto de até 16% no PIB paraguaio e até 10% no crescimento da economia Argentina. O impacto é menor nos países andinos. Os danos, contudo, parecem concentrados no comércio entre os vizinhos, já que as relações de empréstimos bancários e o fluxo de investimento direto ainda são fracas.

Conforme o FMI, o Brasil teria que intensificar investimentos em infraestrutura, especialmente nos setores de energia elétrica e transporte para barrar a desaceleração e continuar crescendo a médio prazo. Também é preciso estudar, segundo o relatório, novas fontes de crescimento, que não o consumo, e aumentar a competitividade.

Emergentes


O relatório analisa que, desde o período pré-crise, todos os mercados emergentes têm crescido de forma moderada, o que pode causar efeitos colaterais no comércio e nas finanças, como queda nos preços das commodities. Além disso, a previsão é de que, ;com o aumento de créditos bancários interfronteiriços em mercado emergentes, essa desaceleração pode provocar perda de capital para bancos visíveis nas economias avançadas;, em tradução livre.

A solução, segundo o FMI, seriam reformas estruturais para aumentar a produtividade e o crescimento de médio prazo, removendo gargalos de oferta. As prioridades variam de acordo com cada país: os de menor renda necessitam de reformas para desenvolver novos setores; os países com níveis de renda mais avançados têm que investir em inovação e desenvolvimento tecnológico. A América Latina como um todo precisa ainda intensificar os investimentos em educação, aconselha o relatório.

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