Economia

Analistas consideram otimista a estimativa de aumento do salário mínimo

Proposta orçamentária para 2015 prevê que, no primeiro ano de mandato do próximo presidente, o Brasil crescerá 3%, com inflação de 5%

Rosana Hessel
postado em 29/08/2014 06:02

O salário mínimo terá reajuste de 8,8% em 2015, passando dos atuais R$ 724 para R$ 788,06, conforme o projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) entregue ontem ao Congresso Nacional. O impacto da correção nas contas públicas será de R$ 22 bilhões. O aumento do piso salarial corresponde à variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes e da inflação de 2014. O novo valor já será pago em janeiro. O governo acredita que o anúncio do reajuste repercutirá favoravelmente na campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, que vem se ressentindo da onda de notícias ruins na economia.

De olho no pleito de outubro próximo, a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, afirmou que a proposta orçamentária tem como eixo as áreas de educação, saúde, investimentos em infraestrutura e combate à pobreza. Esses são os temas mais citados nas campanhas eleitorais. Segundo ela, os gastos com saúde crescerão 8,9% e os com educação, 9,6%. Já os desembolsos com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e com o Minha Casa, Minha Vida saltarão 2,7%. ;Assim, damos continuidade a uma política começada em 2003;, disse.



[SAIBAMAIS]Com todas as atenções voltadas para as eleições, o país que a presidente Dilma Rousseff projeta por meio da proposta orçamentária de 2015 nem de longe indica o ajuste que os especialistas preveem para a economia, seja quem for o vencedor em outubro próximo. Segundo a Ploa, o Brasil terá um desempenho que não se vê há quatro anos: crescimento mais forte e inflação próxima do centro da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,5%. Pelas projeções dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Miriam Belchior, o Produto Interno Bruto (PIB) avançará, no ano que vem, 3%, e a carestia terá alta de 5%. E mais: o governo promete economizar R$ 114,7 bilhões, o equivalente a 2% do PIB, para o pagamento de juros da dívida, superavit que pode subir a 2,5% caso estados e municípios poupem mais R$ 28,7 bilhões.

Na opinião do economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Rosa, todos os números são muito otimistas para um ano de aperto, como o de 2015, quando o futuro presidente terá de dar um choque de credibilidade no país. Ele estima expansão de apenas 0,6% para o PIB no próximo ano e inflação de 6,3%. ;Existe uma carestia reprimida por conta dos preços administrados (gasolina, energia e transporte público). Só isso implicará uma pressão que torna difícil segurar a inflação abaixo de 6,5%;, frisou. Pelos cálculos de Rosa, o superavit primário de 2015 será de, no máximo, 1,8% do PIB. ;Para cumprir a meta fixada, de 2% a 2,5%, o governo será obrigado a fazer um esforço fiscal maior. Não sei como fará isso;, emendou.

Proposta orçamentária para 2015 prevê que, no primeiro ano de mandato do próximo presidente, o Brasil crescerá 3%, com inflação de 5%

Para Fernando Zilveti, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) e especialista em direito tributário, os números do orçamento apresentados por Miriam Belchior e pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, não são de governo, são de candidato. ;Esse tipo de comportamento não cai bem;, criticou. No entender dele, todos os dados fiscais vão piorar, com o aumento da dívida pública. ;Não há como a dívida líquida cair de 33,6% para 32,9% do PIB, e a bruta, de 57,7% para 56,4%, como previsto;, ressaltou. ;O PIB vai apresentar crescimento menor em 2015, não será possível chegar a esses resultados;, complementou.

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