Economia

BC joga a toalha e decide não recorrer contra caso de censura a ex-diretor

Este é o segundo caso de tentativa de censura a críticos da política econômica na reta final das eleições

postado em 09/09/2014 12:29
No momento em que o governo tem sido acusado de tentar cercear o direito de liberdade de expressão de críticos à política econômica, caiu como uma bomba a tentativa do Banco Central (BC) de processar o ex-diretor da instituição que havia disparado uma série de acusações à condução da política do banco.

Alexandre Schwartsman, que assumiu a Diretoria de Assuntos Internacionais por três anos, no início do governo Lula, deu declarações ao Correio Braziliense e ao Jornal Brasil Econômico onde chamava a diretoria do BC de "subserviente e incompetente". Sobre o processo de queda de juros iniciado pelo governo em agosto de 2011, que resultou em uma escalada da inflação, o ex-diretor classificou o processo como "trabalho de porco".

Irritados, os diretores do Banco Central entraram com uma queixa-crime contra Schwartsman na Justiça Federal. O pedido foi negado pela 9; Vara Criminal de São Paulo, que teve o mesmo entendimento do Ministério Público Federal (MPF), que já havia se manifestado contra o BC e a favor do analista.

[SAIBAMAIS]Ainda nessa segunda-feira (8/9) havia a expectativa de que o BC pudesse recorrer da decisão em segunda instância. Mas, a divulgação de que diversos analistas pró e contra o governo já haviam se manifestado contra a decisão do banco, foi a gota d;água no processo.

Internamente, a diretoria do Banco Central avaliou que dada a divulgação excessiva do caso na imprensa e nas redes sociais, o melhor a fazer era tirar o time de campo. Por isso optou por não dar continuidade ao processo.

Nota do Banco Central

"A Procuradoria-Geral do Banco Central informa que não interpôs recurso, dando por concluída sua atuação jurídica no bojo da ação ajuizado em face do senhor Alexandre Schwartsman, acatando, por tanto, a decisão proferida pela 1; instância da Justiça Federal".



Este é o segundo caso de tentativa de censura a críticos da política econômica na reta final das eleições. Recentemente, quatro analistas do Banco Santander foram sumariamente demitidos após um texto divulgado por eles a clientes de alta renda e condicionados à queda das intenções de voto da presidente Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais, a uma melhora da bolsa e uma queda do dólar. O caso gerou repercussão internacional e motivou um pedido de desculpas públicas pelo presidente do Santander Emilio Botín.

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