Economia

França não consegue reduzir deficits apesar das reformas econômicas

Governo prevê oficialmente que neste ano o deficit comercial seja de aproximadamente 53 bilhões de euros, 7 bilhões a menos do que em 2013

Agência France-Presse
postado em 09/09/2014 16:09
Paris - O deficit das contas públicas francesas continua aumentando, apesar das reformas realizadas, devido a uma queda vertiginosa das receitas e do novo programa de investimentos para estimular a economia.

De acordo com dados divulgados nesta terça-feira, o deficit comercial subiu para 5,5 bilhões de euros em julho, estável em relação a seu nível de junho. O deficit anual é contabilizado em 34,8 bilhões de euros, um pouco inferior ao do mesmo período do ano passado (35,9 bilhões).

[SAIBAMAIS]A queda das exportações (-1,4%) afetadas pela diminuição das entregas de aviões Airbus, e a redução das importações na mesma proporção (-1,3%) explicam a estabilidade da balança comercial em julho.

O último excedente mensal da França foi registrado em maio de 2004, de 176 milhões de euros. Mas desde 2002 a segunda maior economia da zona do euro não apresenta um superávit comercial.



O governo prevê oficialmente que neste ano o deficit comercial seja de aproximadamente 53 bilhões de euros, 7 bilhões a menos do que em 2013. Os fracos resultados econômicos e a queda da inflação estão impossibilitando que os objetivos de redução dos déficits públicos sejam alcançados.

O Ministério de Finanças também anunciou nesta terça-feira que o deficit de Estado - um componente do deficit público - também aumentou devido ao efeito do sistema de apoio a empresas, o chamado Crédito Fiscal para a Competitividade e o Emprego (CICE).

O deficit do Estado era, no final de julho, de 84,1 bilhões de euros, maior do que o apresentado um ano antes, de 80,8 bilhões de euros.

Governo culpa novo programa de investimentos

O Ministério das Finanças explica que as contas foram prejudicadas em particular pelo novo programa de investimentos do futuro, de 12 bilhões de euros, dos quais 4,6 bilhões foram desembolsados no final de julho.

As receitas também estão em queda livre (170,1 bilhões no final de julho, 6,3 bilhões a menos em um ano). Isso se deve fundamentalmente ao CICE, que incide sobre os impostos. A arrecadação com impostos sofreu uma contração de 41,8% em um ano, a 13,6 bilhões de euros. O imposto de renda gerou 44,6 bilhões de euros no final de julho (%2b9,6%).

Os dados refletem a escolha do governo até agora: estimular as empresas para tentar acelerar sua atividade, enquanto tenta conter o gasto público depois de ter aumentado os impostos cobrados das famílias para reduzir os deficits.

"Mas até o momento não temos visto muitos efeitos das reformas", constata Axelle Lacan, economista do Crédit Agricole, que indica ter reduzido suas expectativas sobre as repercussões do CICE.

Lacan acredita que a recuperação não acontecerá antes da primavera de 2015. "As empresas não estão muito otimistas e preferem guardar o dinheiro recuperado pelo CICE para recompor seu caixa, e não para investir", aponta.

No que se refere ao comércio exterior, Lacan é prudente: "a luta iniciada pelo Banco Central Europeu para desvalorizar o euro dará um pouco de ar aos exportadores franceses mas também encarecerá as importações e pesará no consumo, que é atualmente o motor do crescimento mais confiável na França", recorda.

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