Economia

Sustentabilidade ainda é desafio para a economia mundial, destaca Unctad

De acordo com o Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2014, países ainda não encontraram um caminho de crescimento sustentável

postado em 10/09/2014 14:30
Seis anos após o início da crise econômica e financeira mundial, os países ainda não encontraram um caminho de crescimento sustentável, diz o Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2014 divulgado, nesta quarta-feira (10/9), pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Segundo o estudo, os principais problemas no período pós-crise são a demanda agregada insuficiente - demanda total de bens e serviços - e a contínua instabilidade financeira.

O estudo considera fraco o crescimento de 2,5% a 3% da economia esperado para 2014, um pouco melhor do que o registrado em 2012 e 2013 - 2,3% -, e culpa as políticas inadequadas adotadas pelos países influentes. ;O retorno às políticas de sempre não foi capaz de lidar com as causas profundas da crise,; diz o relatório. ;A continuidade do domínio financeiro sobre a economia real e a persistência do declínio da participação do salário no produto são simbólicos da incapacidade de enfrentar as causas da crise e sua recuperação anômala.;

Somente o fortalecimento da demanda agregada por meio de crescimento real dos salários e a distribuição de renda mais igualitária poderão romper com o longo período de baixo crescimento econômico, defende a Unctad.

O relatório prevê que a tendência das economias em desenvolvimento é repetir o desempenho de anos anteriores, crescendo entre 4,5 e 5%. Nesse grupo, o crescimento será superior a 5,5% em países da Ásia e da África Subsaariana, mas permanecerá fraco, em torno de 2%, no Norte da África e na América Latina e no Caribe. Enquanto isso, espera-se que economias em transição desacelerem ainda mais, para cerca de 1%, após um desempenho fraco em 2013.



[SAIBAMAIS]Segundo a Unctad, o crescimento do comércio internacional, com o crescimento da taxa ligeiramente superior a 2% em 2012, 2013 e no início de 2014, continua inferior ao da produção global, resultado da fraca demanda mundial. A instituição destaca que esse crescimento não reflete os aumentos nas barreiras comerciais ou dificuldades do lado da oferta. ;Portanto, os esforços para estimular as exportações por meio de reduções de salários e desvalorização interna são autodestrutivos e contraproducentes, especialmente se vários parceiros comerciais seguirem esta estratégia simultaneamente;, alerta o estudo.

As políticas atuais das economias desenvolvidas, que combinam austeridade fiscal, contenção salarial e a expansão monetária estão deprimindo a demanda doméstica e incentivando uma expansão de liquidez que atua mais sobre os investimentos financeiros do que sobre os produtivos.

O Unctad demonstrou preocupação com o aumento das desigualdades e as bolhas especulativas nos preços dos ativos na atual política internacional, condições semelhantes as que levaram à crise financeira global em 2008.

Além das políticas de incentivo para aumentar a demanda dos consumidores, inclusive de políticas de redistribuição, o relatório aponta que alguns países devem aumentar os níveis de investimento doméstico públicos e privados, além de políticas industriais para diversificar e ampliar a capacidade produtiva. Assim será possível atender o crescimento da demanda sem excessivas pressões sobre preços domésticos ou saldos comerciais.

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