Economia

Juncker apresenta plano de investimento para a União Europeia

O presidente da comissão explicou que a UE necessita de "reformas para modernizar e preservar nossa economia de mercado social

Agência France-Presse
postado em 26/11/2014 10:07
Estrasburgo - O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, apresentou nesta quarta-feira um Plano para a União Europeia (UE) que inclui a criação de um fundo para mobilizar pelo menos 315 bilhões de euros destinados a investimentos para retomar o crescimento. "Após anos lutando para restaurar a credibilidade fiscal e promover reformas, acrescentamos um terceiro ponto a um triângulo virtuoso: um ambicioso plano de investimentos para a Europa", declarou Juncker na Eurocâmara, em Estrasburgo (leste da França).

Juncker explicou que a UE, que tenta se recuperar de anos de crise, necessita de "reformas para modernizar e preservar nossa economia de mercado social (...) responsabilidade fiscal para restaurar a confiança e a sustentabilidade das finanças públicas" e, para complementar estes pilares, "precisa estimular os investimentos". Segundo os dados informados por Juncker, o novo plano consiste na criação de um Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos (FEIE) que ambiciona captar investimentos de 315 bilhões de euros, em comparação com os níveis de 2007, antes da crise financeira e da dívida que mergulharam a UE num marasmo econômico e o euro à beira do abismo.



O presidente da Comissão ressaltou que "apesar da importante liquidez que existe nos mercados e nos bancos, os investimentos não registram crescimento" no bloco. Além disso, dado o aumento da dívida pública, de 60% do PIB da UE a 90% "em apenas poucos anos, a UE deve "responder a esta patologia" e atrair os investidores.



"O dinheiro não cairá do céu"

"As necessidades são grandes, este é o desafio de uma geração", disse Juncker na Eurocâmara. "A Europa precisa de um pontapé inicial e hoje a Comissão dá a faísca de arranque", acrescentou. "Devemos enviar uma mensagem para a Europa e o restante do mundo: a Europa está outra vez na arena", completou, ressaltando que "o dinheiro não vai cair do céu, devemos atraí-lo".

[SAIBAMAIS]Para isso, a UE e o Banco Europeu de Investimentos (BEI) destinarão 21 bilhões de euros como garantia dos projetos de investimento e, assim, atrair os investidores privados que evitam atualmente entrar em projetos com fases iniciais de risco. O objetivo é garantir aos investidores que durante as fases iniciais, as mais arriscadas, o investimento está garantido.

A garantia da UE e do BEI, por meio de um "efeito multiplicador de 15, permitirá que para cada euro de dinheiro público colocado no fundo sejam investidos 3 euros de dívida subordinada e 5 dos investidores privados nas etapas mais segurar dos projetos. Isto representa um total de 315 bilhões de euros.

Os países membros da UE poderão participar no fundo. Neste caso, o fundo pode ser superior aos 315 bilhões de euros anunciados, destacou Juncker. "Precisamos de um mecanismo flexível, de utilização simples, que possa ser desenvolvido com o tempo. Poderá ser reconduzido em 2018, 2019, 2020", completou.

Multiplicação dos pães

A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou seu "apoio, em princípio", a este plano europeu, mas em um discurso ao Parlamento alemão disse que "o que importa" é saber "quais projetos receberão investimentos". Além disso, para alguns, o plano de Juncker está associado mais a um milagre financeiro e o consideram longe da realidade. "A Comissão parece contar com um milagre financeiro, como a multiplicação dos pães e peixes", estimou a Confederação Europeia dos Sindicatos em um comunicado.

O eurodeputado Philippe Lamberts considerou "pouco crível" o efeito multiplicador de 15, enquanto Dimitrios Papadimoulis, outro eurodeputado, estimou que o plano não será suficiente, "é uma gota no oceano". "Temos muito pouco crescimento, inflação muito baixa e pouco emprego. Para superar esta situação, temos de mobilizar todas as ferramentas. O plano de investimento é claro, mas também uma política monetária de apoio à atividade, uma adaptação da redução de déficit", estimou, por sua vez, o ministro das Finanças francês, Michel Sapin.

Projetos prioritários

A Comissão não conta com o apoio dos países da UE, embora estes possam contribuir para o fundo de garantia, o que será "considerado favorável" no cálculo do déficit público de cada um, explicou a Comissão em um documento. Os projetos financiados serão escolhidos a partir de uma lista apresentada pelos Estados-Membros, mas não haverá "cotas por países".

Um comitê de especialistas será responsável pela seleção, considerando a relevância dos projetos de acordo com as prioridades definidas pela Comissão. A prioridade é a "infra-estrutura estratégica", que inclui investimentos no setor digital e na energia, as infra-estrutura de transportes, educação, investigação e inovação. Parte do dispositivo do plano, cerca de 75 bilhões será direcionado às PyMEs, enquanto os restantes 240 bilhões a projetos de longo prazo.

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