Economia

Após rombo recorde, BC eleva projeção de deficit externo

Brasil se reafirma no topo entre os países emergentes com maior rombo nas contas externas

postado em 19/12/2014 10:54
Os sucessivos e crescentes rombos nas contas externas levaram o Banco Central (BC) a elevar a projeção para o deficit transações correntes em 2014. Agora, a estimativa é que a relação pela qual são contabilizados os envios e ingressos de dólares por meio da balança comercial, das viagens internacionais de brasileiros e das remessas de lucros e dividendos de multinacionais para o exterior fique no vermelho em US$ 86,2 bilhões, ante previsão inicial de deficit de US$ 80 bilhões.

Como proporção ao Produto Interno Bruto (PIB), o deficit já chega a 4,05%, nível considerado de países em crise. Com esse dado, o Brasil se reafirma no topo entre os países emergentes com maior rombo nas contas externas, segundo metodologia do Fundo Monetário Internacional (FMI).

A revisão se deve aos resultados ruins registrados no ano. De janeiro a novembro, o rombo já chega a US$ 80,030 bilhões. Apenas em novembro, as contas externas registraram saldo negativo de US$ 9,333 bilhões. O número excede a previsão feita pelo próprio BC, que já esperava um deficit de US$ 8 bilhões para o mês.

Os números negativos foram resultado de uma previsão mais pessimista para a balança comercial, que deverá registrar incremento de US$ 2,5 bilhões em 2014, ante estimativa anterior de superavit de US$ 3 bilhões. Essa conta, no entanto, ainda é considerada otimista, visto que as apostas do mercado financeiro ainda são de um deficit de US$ 1,6 bilhão na balança comercial este ano. Para 2015, a previsão é de um deficit ainda elevado, de US$ 83,5 bilhões.

A boa notícia é que parte desse rombo tem sido financiado pelo ingresso de capitais de longo prazo, contabilizados como Investimentos Estrangeiros Diretos (IED). No ano, até novembro, entraram no país nessa conta US$ 55,845 bilhões. Exatamente por isso o BC não alterou a projeção para o ano, de ingressos de US$ 60 bilhões nesta conta, exatamente a mesma estimativa do mercado financeiro, conforme dados do último boletim Focus

A escalada do dólar, que avançou 20% nos últimos três meses, também pode ajudar nessa conta, já que quanto mais a moeda norte-americana se valorizar ante o real, mais vantajosa é a conversão de dólares por divisa local, por parte de investidores estrangeiros. Esse é, inclusive, o motivo pelo qual o BC espera uma redução do deficit externo em 2015.

Mas, ao mesmo tempo, traz uma preocupação para as empresas e governos que assumiram dívidas em dólar. A dívida bruta em dólar chegou a US$ 345,5 bilhões em novembro. Entre outubro e novembro, essa conta aumentou US$ 7,1 bilhões.

Quem deve mais são os bancos, que, em função da escalada do dólar, viram as dívidas em moeda estrangeira aumentarem US$ 2,4 bilhões. O setor público, por sua vez, notou uma alta do passivo externo em US$ 2,1 bilhões. Mesmo as empresas não financeiras registraram elevação nessa conta, de US$ 1,1 bilhão entre outubro e novembro.

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