Economia

Consumidor vai controlar gastos para não entrar Ano Novo no vermelho

Comércios lotados e desejo de presentear podem comprometer a saúde financeira das famílias. Especialistas alertam para as armadilhas das compras a prazo e detalham as vantagens de pagar as despesas à vista

Flávia Maia
postado em 22/12/2014 06:03
Depois de passar aperto com uma compra no cartão de crédito, Marcos aprendeu a controlar o impulso na hora de gastar: presentes só em janeiro

Os gastos com o Natal preocupam as famílias. Com o orçamento corroído pela inflação e por juros altos, a tendência é de redução das despesas com a festa, os presentes e a busca por compras a prazo. Segundo dados da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), 48% dos brasileiros vão recorrer ao crédito neste Natal e a média é de 4,9 parcelas por compra. No Distrito Federal, o número de consumidores que pensam em usar o cartão neste Natal é mais baixa ; 29,2%, segundo dados da Federação do Comércio local (Fecomércio-DF). Embora essa opção pareça uma solução para o aperto de fim de ano, especialistas orientam aos clientes que não contratem o crédito por impulso, sem tomar os devidos cuidados, principalmente com as taxas de juros praticadas atualmente, com o Custo Efetivo Total (CET) da compra e o valor das parcelas.

[SAIBAMAIS];Nesta época do ano, as pessoas ficam empolgadas com as compras de Natal e acabam se endividando. Mas é preciso lembrar que, em janeiro, começam a vencer todos os impostos e tem o peso do material escolar. Por isso, as parcelas têm que caber no orçamento;, explica Sônia Amaro, supervisora Institucional da Proteste Associação de Consumidores. Sônia lembra que a oferta de crediário em várias lojas e as facilidades de acesso a cartões de crédito contribuem para o endividamento. Ele explica que o consumidor deve somar todas as parcelas de modo que elas não ultrapassem, em média, a 30% do orçamento mensal.

O garçom Marcos Félix de Lima Filho, 43 anos, tomou uma medida radical para não descontrolar o orçamento doméstico: avisou à família que os presentes deste ano vão chegar em janeiro. Sem dinheiro no fim de ano, ele optou por adiar a compra e a entrega. Preferiu não recorrer ao pagamento a prazo. ;Uma vez fiz um crediário no supermercado. No primeiro mês, paguei o mínimo, depois a dívida foi crescendo. Após seis meses quitando um valor que não parava de aumentar, tive que pedir um empréstimo para liquidar. Nesse tipo de compra, os juros acabam com a gente; por isso, desde então, prefiro sempre pagar à vista;, calcula.

Embora os especialistas recomendem cuidado com os parcelamentos, eles orientam que não é preciso fugir do crédito para conseguir manter as finanças em dia. O que o consumidor precisa evitar são atrasos nos pagamentos e o hábito de quitar somente o mínimo da fatura, mesmo que essa prática impeça que o nome do consumidor vá à lista dos órgãos de proteção ao crédito. ;Quando o cliente não paga o valor total do cartão de crédito ou do crediário, por exemplo, a instituição refinancia a dívida, faz a correção. Aí, incidem juros em cima de juros e começa a bola de neve na vida financeira da pessoa;, alerta Rosa Rodrigues, advogada da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor e Trabalhador (Abradecont).

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