postado em 22/01/2015 09:31
A insistência de motoristas em beber e dirigir sustenta o poder do alcoolismo de matar milhares de pessoas todos os anos nas estradas do país. Mesmo com a Lei Seca, em vigor desde 2008, e as sucessivas investidas desde então para fechar o cerco contra quem pega o volante embriagado, um em cada quatro brasileiros ainda assume dirigir depois de ter consumido bebida alcoólica. No caso dos homens, a incidência é ainda maior, de 27,4%, segundo dados do Ministério da Saúde.A teimosia custa caro. Em unidades hospitalares de emergência nas capitais e no Distrito Federal, 21,2% dos atendimentos de vítimas de acidentes de trânsito guardam relação com o álcool. O condutor do veículo costuma ser a principal vítima (22,3%), seguido de pedestres (21,4%) e passageiros (17,7%). ;Não é mais admissível que alguém tenha coragem de beber e dirigir;, diz o diretor do Departamento de Políticas de Saúde e Segurança Ocupacional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Marco Antônio Gomes Pérez.
[SAIBAMAIS]O efeito devastador da bebida nas estradas fica claro nas mortes e nos gastos com reabilitação de quem sobrevive aos acidentes. Mas pode ser medido também pela dor e pela improdutividade de familiares que tiveram a vida arrasada pela combinação entre álcool e direção. Apesar dos avanços após um maior rigor das normas ; incluindo a proibição da venda de bebidas às margens de rodovias ;, as trágicas histórias regadas pela embriaguez ao volante não cessam.
Desculpas
Entre caminhoneiros, os impactos do alcoolismo reverberam em cascata na economia brasileira. Quase 70% da produção do país passa pelas estradas, e tudo o que acontece nelas influencia no Produto Interno Bruto (PIB). ;Quando não provoca acidentes, o motorista embriagado atrasa a entrega da carga, perde parte da mercadoria, além de gerar multas para as empresas;, enumera o presidente da Associação Nacional dos Caminhoneiros (Antrac), Benedito Pantalhão.
As doses de pinga e os copos de cerveja são consumidos no meio do caminho ou nas paradas para descanso. ;Nossa carga horária é pesada e estressante, somos muito judiados pela profissão e temos pouco reconhecimento. Mas isso não pode dar ao caminhoneiro o direito de beber;, comenta Pantalhão, que se lembra de 10 histórias de companheiros demitidos por conta da bebida somente em 2014. ;A pessoa que bebe precisa de tratamento. É uma questão econômica e de saúde pública, que afeta todo mundo se não for tratada com seriedade;, completa.
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