Economia

Após dois adiamentos, Petrobras divulga balanço do terceiro trimestre

Relatório, sem aval de auditoria independente, mostra que a estatal acumulou lucro líquido de R$ 3,087 bilhões no período

Jacqueline Saraiva
postado em 28/01/2015 07:39
Durante a madrugada desta quarta-feira (28/1), a Petrobras divulgou o balanço do terceiro trimestre do ano passado. O documento, que já teve a divulgação adiada por duas vezes, não traz, no entanto, as perdas esperadas por conta das denúncias de corrupção na companhia investigadas na Operação Lava-Jato. As demonstrações contábeis do período mostram um lucro líquido de R$ 3,087 bilhões. O índice é decorrente da maior produção de petróleo e Líquido de Gás Natural (LGN), que cresceu 6% no período, com a produção de 118 mil barris/dia.

Foster assina no relatório um texto direcionado a acionistas e investidores, explicando o momento delicado da estatal

Segundo o balanço, sem o aval da auditoria independente responsável, a PwC, o valor representa uma queda de 38% em relação ao trimestre anterior em 2014, "refletindo o menor lucro operacional", segundo a Petrobras. Já em relação ao terceiro trimestre de 2013, quando o lucro havia sido de R$ 3,395 bilhões, o recuo foi de 9,9%. No acumulado de janeiro a setembro, o lucro foi de R$ 13,439 bilhões, uma queda de 22% frente ao mesmo período do ano passado.

[SAIBAMAIS]Outros fatores que contribuíram para o resultado positivo no terceiro trimestre de 2014, segundo a Petrobras, foram a maior exportação de óleo, com crescimento de 134% (185 mil barris/dia) e a produção de derivados (1%, 24 mil barris/dia).



O balanço foi aprovado pelo Conselho de Administração da companhia depois de mais de sete horas de reunião. No entanto, eles não conseguiram chegar a um consenso para definir as perdas sofridas pela Petrobras em decorrência dos desvios de recursos nas contas. O objetivo da divulgação sem a aprovação da auditoria é, segundo a estatal, de atender ;obrigações da companhia (covenants) em contratos de dívida e facultar o acesso às informações aos seus públicos de interesse;, explica.

A presidente da estatal Graça Foster assina no relatório um texto direcionado a acionistas e investidores, explicando o momento delicado da estatal. "Em suma, os depoimentos aos quais a Petrobras teve acesso revelaram a existência de atos ilícitos, como cartelização de fornecedores e recebimentos de propinas por ex-empregados, indicando que pagamentos a tais fornecedores foram indevidamente reconhecidos como parte do custo de nossos ativos imobilizados, demandando, portanto, ajustes. Entretanto, concluímos ser impraticável a exata quantificação destes valores indevidamente reconhecidos, dado que os pagamentos foram efetuados por fornecedores externos e não podem ser rastreados nos registros contábeis da Companhia", afirmou a nota. Foster garante ainda que as investigações da Polícia Federal não devem interferir na estatal.

A avaliação dos lucros foi realizada, segundo Foster, por firmas globais reconhecidas internacionalmente como avaliadores independentes, ;abrangendo 81% do ativo total avaliado;. ;A análise dos outros 19% foi realizada pelas equipes técnicas da Petrobras, porém com total consistência metodológica e de premissas com o trabalho realizado pelos avaliadores independentes;, disse.

A política de preços de diesel e gasolina será mantida, segundo a nota da presidente da Petrobras, "não repassando a volatilidade do mercado internacional, o que, na situação atual, favorece excepcionalmente o caixa". De acordo com Foster, o patamar atual de produção de petróleo e derivados assegura à empresa o mesmo patamar de geração operacional [geração de caixa], mesmo com o preço do barril de petróleo Brent variando entre US$ 50/bbl e US$ 70/bbl.

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