Economia

Produção industrial avança 2%, mas não empolga

Variação anual encolheu 5,2% e o setor mais afetado foi o de bens de capital

Rosana Hessel
postado em 04/03/2015 10:56

A produção industrial de janeiro registrou alta de 2% em relação a dezembro passado, mas encolheu 5,2% em relação ao mesmo período de 2014, conforme dados divulgados nesta quarta-feira (04/03) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Para especialistas, esse avanço na variação mensal não chega a ser animador, apesar de a alta de 2% estar em linha com a expectativa do mercado e o patamar ser o maior mais de 18 meses. ;Uma melhora era esperada em janeiro frente à queda de 3,2% no mês anterior. Mas o quadro atual é que a produção industrial continua se contraindo em termos anuais;, afirmou o economista Edward Glossop, especialista em mercados emergentes da consultoria britânica Capital Economics. Ele destacou que os dados ainda estão muito voláteis e, portanto, não sinalizam recuperação. ;O setor industrial ainda está lutando, entretanto, a produção global está se contraindo como tem feito desde o ano passado. E com o governo apertando o cinto de forma acentuada uma retomada em 2015 é altamente improvável;, disse.

Na semana passada, o governo anunciou medidas de redução dos incentivos fiscais para o setor produtivo, como a Medida Provisória 699 que eleva as alíquotas da contribuição para a Previdência Social das empresas listas no programa de desoneração da folha de pagamentos, que foi devolvida ontem pelo presidente do Congresso Nacional, mas a presidente Dilma Rousseff já encaminhou um Projeto de Lei de urgência mantendo a alteração. Com a medida, o percentual sobre o faturamento passará de 1% a 2% para 2,5% a 4,5%.


Termômetro
A maior queda em janeiro foi na indústria de bens de capital, setor que é o termômetro da confiança do empresário quando investe para ampliar seu parque industrial. O tombo em janeiro foi de 16,4%, na comparação com o mesmo período de 2014, o 11o resultado negativo consecutivo, de acordo com dados do IBGE. Apesar do avanço de 9,1% em relação a dezembro, o indicador ainda não consegue reverter a queda de 10,9% no acumulado em 12 meses.

O segmento de bens duráveis também registrou queda, refletindo a desaceleração do consumo dos brasileiros. Essa categoria registrou encolheu 1,4% em relação a dezembro e recuou 13,9% na comparação com janeiro de 2014. Nessa mesma linha, bens de consumo também registraram queda de 1,1%, na variação mensal, e de 7,4%, na anual.

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