Economia

Empresários assumem compromissos sociais nas cidades brasileiras

O 2ª Compromisso de Curitiba une gestores e empresas na busca soluções para a vida moderna nas cidades brasileiras, e aponta parcerias para conferência da ONU

Eduardo Militão
postado em 21/05/2015 20:00
Presidentes de grandes empresas brasileiras assinaram nesta semana um documento em que assumem, junto com prefeitos, o compromisso de encontrar soluções para a vida dos moradores das cidades. O ;2; Compromisso de Curitiba;, acontece 24 anos depois do primeiro, quando apenas o setor público se mostrou responsável por adotar medidas de alcance social.



O documento será uma das bases da 3; Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano Sustentável (Habitat III), em outubro 2016, em Quito, no Equador. ;O 2; Compromisso enfatiza a cooperação público-privada para mobilizar recursos para melhorar o acesso da população a serviços de qualidade;, disse o chefe de Desenvolvimento de Capacidades da Habitat, o brasileiro Claudio Acioly. ;É um reconhecimento do setor privado de sua responsabilidade social, a exemplo do que já acontece nas cidades europeias;, afirmou ele.

Os compromissos foram feitos durante do congresso Smart City, promovido por instituto de mesmo nome, a fim de encontrar meios de viabilizar o uso de tecnologias acessíveis para as cidades resolverem problemas de moradia, transporte, energia e acessibilidade. O evento se encerrou nesta quinta-feira (21). O documento foi assinado anteontem à noite.

No evento, empresas de diversos setores e administradores participaram de uma feira e de dezenas de palestras e encontros mais reservados a fim de fecharem parcerias. Além de turbinar o lucro das corporações, as parcerias podem solucionar de forma rápida e mais barata

O presidente do Instituto Smart City exemplificou três medidas que poderiam ajudar a vida urbana, mas esbarram em limitações legais. Uma delas são as técnicas de construção árida de casas populares, a troca da iluminação pública por lâmpadas de LED, sem que seja preciso desembolsar dinheiro imediatamente do caixa das prefeituras e o uso de chips em carros para informar as condições de trânsito com precisão para todos os motoristas. ;Existem empresas com dinheiro para investir nas cidades;, afirmou ele ao Correio, logo no início do evento.

Queixas e boa-fé

Durante as palestras, nas mesas de café e nos corredores, os empresários se queixaram da morosidade dos governos em apressar compras benéficas para as prefeituras e os moradores.

Os prefeitos ouviram muito. Admitiram a demora, mas lembraram da vigilante pressão do Ministério Público ; considerada às vezes irracional e sem poder de combate à corrupção ; e apresentaram medidas para amenizar as diferenças entre a dinâmica do mundo empresarial e da burocracia estatal.

O prefeito de Campinas, Jonas Donizete, diz que criou um sistema de abertura de empresas que leva apenas cinco dias. O empresário assina um documento dizendo que tudo está regular. Essa postura, disse ele, leva em conta a boa-fé da maioria das pessoas em seus negócios. Os fiscais só olham com lupa preventiva os grandes empreendimentos, onde há restrições ambientais e de segurança relevantes. Outra medida é aceitar projetos de empresas para solucionar problemas comuns. A proposta é analisada e é assumida pela prefeitura. O órgão municipal abre uma licitação e o empresário ;dono da ideia; pode vencê-la ou ver seu concorrente ficar com o negócio.

Sem salário
O prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet, disse que algumas medidas simples causam resultados importantes. Os idosos da cidade passaram a usar o cartão para andar nos ônibus nos semáforos também. Quando forem atravessar a rua, passam o cartão, e o sinal demora mais para fechar. Segundo o anfitrião do Smart City, essa medida reduziu o número de atropelamentos em 25% nos pontos mais críticos.

Apesar disso, ele vê um futuro de incertezas. Em entrevista ao Correio, Fruet disse que alguns colegas gestores vão passar apuros. ;Tem prefeitura que não vai ter dinheiro para pagar salário;, disse ele ao jornal. ;Esse é um ano muito difícil.; Fruet disse que a crise econômica e até política brasileira atrapalha o planejamento e a adoção de muitas propostas dos empresários interessados no conceito das chamadas ;cidades inteligentes;, ou smart cities. ;Qual o desdobramento disso? Ninguém sabe.; Em Curitiba, foi necessário passar a tesoura em 25% dos gastos com custeio da máquina.

O repórter viajou a convite do Instituto Smart City

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