Economia

Inflação dispara e pode passar de 9% em 2015

Alimentos e energia elétrica fazem com que o custo de vida recupere o fôlego e suba 0,74% em maio, para desespero do governo

Simone Kafruni
postado em 11/06/2015 06:04


A inflação não dá trégua e continua castigando os brasileiros, que assistem o poder de compra encolher cada vez mais. Em maio, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cravou alta de 0,74% e surpreendeu o governo e o mercado, que esperavam elevação próxima de 0,60%. No acumulado de 12 meses, a carestia bateu em 8,47%, o pior resultado desde 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Alimentação e energia elétrica foram os principais responsáveis pela disparada do custo de vida. O aumento dos preços dos alimentos respondeu por quase metade da inflação, e o tomate voltou a ser o vilão do supermercado, com alta de 80,42% no ano. Com a inflação nesse nível, o consumo cai e a produção empaca, enfraquecendo ainda mais a economia do país.

Ao ver o preço do tomate, a enfermeira Alvina de Freitas, 40 anos, desistiu da compra. ;Está um absurdo. Vou esperar aparecer alguma promoção para comprar;, disse. Só com alimentos, os gastos dela já aumentaram pelo menos R$ 100 por mês, em comparação com o ano passado. Com aumentos da conta de energia elétrica e da gasolina, ela está sendo obrigada a repensar algumas compras e avaliar as marcas dos produtos, para levar os mais baratos. De fato, a conta de luz de Alvina e dos brasileiros subiu, em média, 2,77% em maio e 41,94% em 2015. Se considerar os últimos 12 meses, as tarifas de energia dispararam 58,47%.

Serviços e loteria

A saída encontrada pela enfermeira é a mesma usada pelo dentista André Luís Lucas, 45. Além de procurar itens mais baratos, ele deixou de supérfluos para casa, como geleias, biscoitos, e algumas bebidas, como cerveja e vinho. Mesmo assim, as faturas do supermercado ficaram 30% mais caras em comparação com o ano passado. Os preços que mais o assustam são os da cebola e do tomate. ;Mesmo esta sendo a melhor época do ano para comprar tomate, quando geralmente está mais barato, neste ano o preço só sobe;, lamentou. Para tentar fugir dos reajustes, ele pesquisa preços nos lugares próximos. ;Comprei tomate na feira, porque estava mais em conta;, contou.

Lucas tem razão em desconfiar do aumento dos alimentos nesta época do ano. O economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, explicou que a elevação de produtos in natura, como cebola e tomate, está fora dos padrões sazonais. ;Esperava-se recuo nos preços dos alimentos, mas eles continuaram subindo;, comentou. A analista da Tendências Consultoria Adriana Molinari também se surpreendeu com a persistência da inflação dos alimentos. ;Deve ocorrer uma devolução dessas altas nos próximos meses;, estimou.

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