Economia

Petrobras corta drasticamente investimentos após escândalo de corrupção

A Petrobras destinará 83% dos investimentos à divisão de exploração e produção, fundamentalmente para desenvolver a joia da coroa, a reserva do pré-sal, que ficará com quase US$ 60 bilhões durante o período revisado

Agência France-Presse
postado em 29/06/2015 21:55
A Petrobras informou nesta segunda-feira ter reduzido em 37% seu plano de investimentos para 2015-2019 a 130,3 bilhões de dólares, como parte de seus esforços para se recuperar após um gigantesco escândalo de corrupção.

"Os investimentos foram reduzidos em 37% em comparação com o plano anterior", informou, em um comunicado, a empresa, que sofreu um prejuízo de mais de 2 bilhões de dólares em 2014, devido a contratos fraudados, que enriqueceram vários diretores da companhia, dezenas de políticos e desviaram fundos para vários partidos.

Uma assessora de imprensa da Petrobras informou à AFP que, para definir o recuo percentual de 37%, usou-se como base de comparação do programa de negócios anterior um total de 206,8 bilhões de dólares (e não os 220,6 bilhões de dólares originais) "porque havia 13,8 bilhões (de dólares) em projetos que estavam em avaliação e que não foram considerados desta vez".

Levando em conta esta nova cifra, a redução de investimentos chegou a 76,5 bilhões de dólares, ao invés dos 90,3 bilhões de dólares informados a princípio.

"O objetivo do plano é colocar a empresa no rumo certo", disse na noite desta segunda-feira o presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, em coletiva de imprensa no Rio de Janeiro.

Seriamente endividada, a maior empresa do Brasil prevê desinvestimentos de 15,1 bilhões de dólares para 2015-2016 e "esforços em reestruturação de negócios, desmobilização de ativos e desinvestimentos adicionais, que totalizam 42,6 bilhões de dólares em 2017-2018", destacou o comunicado.

Segundo Bendine, apesar de prever um importante recorde, o plano "tem um valor de investimentos bastante expressivo e poderá dar um novo impulso à cadeia (produtiva de gás e petróleo)".

A Petrobras destinará 83% dos investimentos à divisão de exploração e produção, fundamentalmente para desenvolver a joia da coroa, a reserva do pré-sal, que ficará com quase US$ 60 bilhões durante o período revisado.

"O anúncio do plano de negócios é muito positivo (...) O recorde vai na linha do que o mercado esperava. É um plano mais consciente com as premissas do mercado atual, como preços do petróleo e taxa de câmbio", disse Luiz Pereira, analista da consultora Guide Investimentos, em São Paulo, para quem a empresa também tem que diminuir sua dívida.

"A grande intenção da Petrobras é ser exportadora de Petróleo a partir de 2017, mas primeiro tem que restaurar a confiança do mercado", acrescentou.

Após um dia de oscilações, as ações da petroleira caíram mais de 3% no Ibovespa, principal índice da bolsa de São Paulo.

A empresa projeta alcançar uma produção total de petróleo e gás (tanto no país quando em suas operações no exterior) de 3,7 milhões de barris por dia até 2020, "ano para o qual estimamos que o pré-sal representará mais de 50% da produção total de petróleo", detalhou o comunicado. Em seu balanço do primeiro trimestre de 2015, a companhia reportou uma produção de 2,8 milhões de barris diários.

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