Economia

Eurogrupo se reúne com urgência em Bruxelas para evitar 'Grexit'

"Ainda não temos a base de uma negociação de uma ajuda financeira", disse a chanceler alemã, Angela Merkel, alertando que "já não é questão de semanas, mas de dias"

Agência France-Presse
postado em 07/07/2015 15:59
O Eurogrupo acusou a Grécia na cúpula extraordinária realizada nesta terça-feira (7/7), em Bruxelas, de não apresentar propostas concretas em troca de um novo resgate que lhe permita permanecer na zona do euro.

"É nessa semana que se devem tomar as decisões", advertiu o presidente francês, François Hollande, ao chegar à cúpula extraordinária convocada depois que os gregos rejeitaram as reformas e ajustes exigidos pelos credores do país.

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"Ainda não temos a base de uma negociação de uma ajuda financeira", disse a chanceler alemã, Angela Merkel, alertando que "já não é questão de semanas, mas de dias".

A Grécia se encontra em moratória com o Fundo Monetário Internacional há uma semana, sem dinheiro para os novos pagamentos, alguns deles a credores privados, mas sobretudo com o BCE, com quem tem uma dívida de 1 bilhão de euros para ser paga até 20 de julho.

Nesta terça-feira, os sócios da Grécia na zona do euro esperam que Atenas apresente um pacote de reformas "concretas" para poder evitar o pior para a união monetária: uma saída da Grécia da zona do euro.

No entanto na reunião de ministros da Economia, antes da cúpula, "não houve novas propostas", disse o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.

"O primeiro passo será que o governo grego enviará um novo pedido de apoio financeiro", completou.

Uma fonte do governo grego insistiu que Atenas melhorou a proposta apresentada no dia 30 de junho, o dia em que expirou o segundo programa de resgate da Grécia e que venceu o prazo para o pagamento da dívida com o FMI.

Sem propostas

As opiniões estão divididas entre os 18 sócios de Atenas. Após meses de difíceis negociações com o governo grego, que terminaram sem resultados, muitos países já não querem socorrer a Grécia, que recebeu dois resgates financeiros, totalizando 240 bilhões de euros desde 2010.

"Uma ;Grexit; não seria um problema para a Europa", avaliou o ministro da Letônia, Janis Reirs.

Mas a falta de propostas dos gregos já leva seus sócios ao limite. O primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, questionou se o governo grego está realmente pronto para apresentar uma solução. "O tempo já se esgotou", afirmou.

"O governo de Alexis Tsipras tem o dever de fazer propostas concretas, precisas e convincentes para permitir que a Grécia permaneça na zona do euro", disse o primeiro-ministro belga, Charles Michel, ao chegar à cúpula, considerando a situação como de "extrema urgência".

"Há um risco de dano, de contágio para outros países que fizeram esforços", ressaltou.

Entre os duros, além da Alemanha, estão os países do leste ou os que se viram gravemente afetados pela crise da dívida, como Portugal.

"A saída da Grécia da zona do euro não é uma consideração que está sobre a mesa", avaliou o espanhol Luis de Guindos, cujo país, junto com França, Itália e Luxemburgo, busca alcançar um compromisso com a Grécia para evitar o pior.

"A França fará o que for preciso para que a Grécia permaneça na zona do euro, onde é o seu lugar", disse nesta terça-feira o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.

"Claramente a Grécia enfrenta desafios imensos e imediatos", disse o vice-presidente da Comissão Europeia, Valdis Dombrovskis, ao chegar de uma reunião do Eurogrupo em Bruxelas prévia à cúpula de chefes de Estado e de governo.

Com o risco de ;Grexit;, o presidente Barack Obama conversou por telefone com Merkel e Tsipras, separadamente. "Continuamos animando todas as partes a participar de maneira construtiva nas discussões", afirmou a Casa Branca.

Coma induzido

A Grécia se encontra em moratória com o Fundo Monetário Internacional há uma semana. As autoridades estenderam as medidas de controle de capitais pelas quais os gregos só podem sacar 60 euros por dia e por pessoa. Os bancos sobrevivem graças às ajudas de emergência dadas pelo BCE, que mantém o país em "coma induzido".

A entidade europeia, contudo, endureceu as condições desses empréstimos de urgência, chamados ELA, aumentando a pressão sobre os bancos gregos.

Caso Atenas não pague ou não haja acordo, o BCE pode encerrar a sua ajuda aos bancos gregos, levando o país a sair da zona do euro, um terreno tão desconhecido que nem sequer os tratados europeus o contemplam.

"Mas um ;Grexit; se decide em Atenas, não em Bruxelas", lembrou o ministro da Economia belga Johan van Overtveldt.

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