Economia

Levy não terá dados positivos para mostrar em encontro do G20

É a terceira vez que o ministro participa do encontro, que tem entre os principais itens da agenda a plataforma de cooperação sobre medidas para enfrentar a crise financeira global de 2008

Rosana Hessel
postado em 31/08/2015 22:05

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, está em uma encruzilhada. Enquanto economistas do mercado apostam em sua saída após os sucessivos fracassos na tentativa de executar o ajuste fiscal, ele não conseguirá mostrar dados positivos do país para os seus pares no encontro ministerial do G20 ; grupo dos maiores países emergentes e desenvolvidos do planeta ;, que ocorre nos próximos dias 4 e 5 de setembro, em Ancara, na Turquia.


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É a terceira vez que o ministro participa do encontro, que tem entre os principais itens da agenda a plataforma de cooperação sobre medidas para enfrentar a crise financeira global de 2008. No ano passado, no encontro da Austrália, o grupo havia traçado meta de crescimento de 2% ao ano nos próximos cinco anos, algo bem distante da realidade atual na qual o Produto Interno Bruto (PIB). De lá para cá, o país só encolheu e está na rabeira dos emergentes e corre o risco de perder a posição de sétima maior potência global para a Índia, que está crescendo em ritmo mais acelerado que a China.


No segundo trimestre, a economia brasileira encolheu 2,6% na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na última sexta-feira. Esse é o terceiro pior desempenho entre os 35 países que já divulgaram seus balanços trimestrais, à frente apenas da Rússia (-4,6%) e da Ucrânia (-14,7%), que está em guerra, conforme um levantamento feito pela Austin Rating.


Logo, Levy não terá nada para mostrar a não ser o plano de investimento em logística da gestão anterior que foi remodelado e do qual poucas coisas saíram do papel. Com a instabilidade política e da ameaça de o país perder o grau de investimento será bastante difícil encontrar investidor disposto a correr os riscos no país com uma taxa de retorno abaixo dos juros, que podem ter outra alta nesta semana com essa revisão da meta fiscal do Orçamento. Nesta segunda-feira, o governo anunciou o primeiro Orçamento com deficit na história, o que aumenta as chances de o país perder o grau de investimento, na avaliação do economista-chefe da Austin, Alex Agostini.


Ao invés de prever um superavit primário de R$ 8,7 bilhões, ou 0,15% do Produto Interno Bruto (PIB), o governo agora espera um resultado fiscal negativo em R$ 30,5 bilhões, ou 0,5% do PIB. Diante desse resultado fiscal ruim, o governo ainda prevê aumento na dívida pública bruta, de 65,5% do PIB, neste ano, para 68,4%, em 2016, e para 68,8% do PIB, em 2017, o que será uma das mais elevadas taxas entre os países emergentes.


O ministro da Fazenda embarca para a Turquia no próximo dia 3. Fontes da equipe econômica admitem que, embora não esteja na agenda do encontro, a desaceleração da China e seus efeitos recentes nos mercados deverão ser os principais temas nos corredores da reunião. Esse encontro tem como objetivo preparar os temas para a Cúpula do G20, que ocorrerá nos dias 15 e 16 novembro no balneário de Antália, a quase 500 quilômetros da capital turca. Após as conversas na Turquia, Levy fará uma parada estratégica no dia 7 em Madri, onde se encontrará com investidores, e, no dia seguinte, irá a Paris para um encontro na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico ou Econômico (OCDE).


O G20 é composto por 19 países mais a União Europeia e representa 85% do PIB global. Além da discussão da plataforma, temas recorrentes, como a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), parada desde 2010, devem estar na agenda. ;Há uma preocupação conjunta de que a questão do emprego seja parte das conversas e seja levado em conta nas políticas de crescimento adotadas pelos países do grupo;, destacou uma fonte do governo. No entanto, o único dado positivo do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, a baixa taxa de desemprego, já está crescendo e, pelas estimativas de especialistas, deverá ultrapassar 10% ;em breve;.

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