Economia

G20 quer amortecer a onda expansiva da crise chinesa

Os tombos econômicos e na bolsa da China, assim como as intenções do Federal Reserve ("Fed"), o banco central americano, centrarão as reuniões

Agência France-Presse
postado em 04/09/2015 10:27
Ancara, Turquia - Ministros da economia e banqueiros centrais do G20 tentavam nesta sexta-feira (4/9) cerrar fileiras ante dois grandes desafios, a desaceleração na China e uma provável alta das taxas de juros nos Estados Unidos.

Os tombos econômicos e na bolsa da China, assim como as intenções do Federal Reserve ("Fed"), o banco central americano, centrarão as reuniões dos responsáveis das 20 principais economias mundiais em Ancara, na sexta-feira e sábado.

A Turquia acolhe neste ano as reuniões do G20, assim como a que reunirá em novembro os chefes de Estado e de governo, antes de passar o bastão para a China em 2016.

Apesar das inquietações sobre a China ou o Fed, é pouco provável que estes dois temas - fontes potenciais de crise - sejam tratados diretamente no comunicado, praticamente já redigido, ao término da reunião. "Não é o que costumamos fazer aqui", apontar um país e menos ainda um banco central, indica um dos participantes.

De qualquer forma, os grandes responsáveis da economia mundial não esperaram chegar em Ancara para dar suas opiniões. "Novos riscos se apresentam diante das perspectivas de crescimento e inflação" na zona do euro, advertiu na quinta-feira o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, referindo-se aos efeitos que a desaceleração na China pode gerar.

Cobrar de Pequim

Os Estados Unidos já criticaram Pequim por sua confusa estratégia de apoio à economia e pela opacidade de suas estatísticas. O secretário americano do Tesouro, Jack Lew, afirmou na quinta-feira (3/9) que pedirá esclarecimentos aos chineses por sua brutal desvalorização do iuane em agosto.

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, convocou os países emergentes a ser vigilantes ante os efeitos da desaceleração na China, que se reflete em reiterados surtos de pânico nas bolsas e em fortes quedas dos preços do petróleo e de outras matérias-primas.

Depois que Draghi declarou na quinta-feira não ter nenhum limite para apoiar a economia da zona euro, agora os olhos se voltam a sua colega do Fed, Janet Yellen.

Persiste a incerteza sobre uma alta das taxas do Fed já em setembro. Uma decisão como esta pode estar justificada pela solidez da economia americana, mas enviaria uma onda de choque a países emergentes, alguns dos quais, como Brasil e Rússia, já passam por sérias dificuldades.

Um endurecimento monetário nos Estados Unidos teria um efeito de aspirador de capitais, atraídos por melhores rendimentos, em detrimento da estabilidade financeira das economias emergentes, já afetadas pela queda das cotações das matérias-primas.

Também serão fixadas estratégias na luta contra as práticas de evasão fiscal de grandes multinacionais.

O ministro brasileiro Joaquim Levy - alvo de rumores de uma eventual saída - estará na reunião do G20, que é realizada em plena crise migratória na Europa. O governo brasileiro garantiu que ele seguirá em seu cargo.

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