Economia

Rating do Brasil é compatível com o da Turquia e Indonésia, diz Moody's

O vice-presidente da Moody's lembrou que em junho de 2011 o Brasil tinha nota Baa2 com perspectiva positiva, mas ao longo do ano o rating baixou para o atual Baa3

Agência Estado
postado em 06/10/2015 10:56
O vice-presidente da Moody;s, Mauro Leos, afirmou nesta terça-feira (6/10) que o rating do Brasil hoje é compatível com outros países que também estão no patamar Baa3, que é o último nível do grau de investimento. Outros soberanos que estão no mesmo patamar do Brasil são países como Índia, Indonésia e Turquia.

"[SAIBAMAIS]Hamlet disse: ;ser ou não ser, eis a questão;. Mas a verdadeira questão é: grau de investimento ou não", comentou ao iniciar sua fala na 17; Conferência Anual da Moody;s, em São Paulo.

Leos lembrou que em junho de 2011 o Brasil tinha nota Baa2 com perspectiva positiva, mas depois as coisas ficaram complicadas e o rating baixou para o atual Baa3, com perspectiva estável. "Isso não significa que a economia está estável, significa que há equilíbrio entre os elementos positivos e negativos para o rating", apontou.

Aspectos positivos
Mauro Leos, citou os aspectos positivos que dão suporte ao rating brasileiro. Ele mencionou que o País tem uma dívida pública com limitada exposição em moeda estrangeira, além de ter grandes reservas internacionais.

Comentou ainda a baixa participação dos estrangeiros na dívida doméstica e que o déficit em conta corrente está caindo e é bastante gerenciável, sendo financiado em boa parte pelo investimento estrangeiro direto (IED). "As reservas internacionais do Brasil cobrem quase três vezes os pagamentos externos totais, incluindo governo, empresas e bancos. A média do grupo com rating Baa é 1,5. Na Turquia, que tem o mesmo rating do Brasil, mas com perspectiva negativa, é 0,47", apontou

Leos lembrou que, no Brasil, quase tudo se volta para a política fiscal, mas que no momento a questão do crescimento é fundamental em muitos aspectos. Ele apontou que a média de crescimento do País nos últimos 15 anos foi de 3,3%, e que isso poderia ser visto como um indicador do crescimento potencial.

O atual ciclo de recessão é diferente, segundo o representante da Moody;s, porque o Brasil ficará pelo menos de 2012 a 2016 crescendo abaixo da média, em alguns anos muito abaixo. "Nós temos mudanças importantes no Brasil, para pior. É difícil ver o crescimento voltando para perto de 3%. É complicado prever agora qual será a nova tendência, mas é certo que será menor".

Downgrades

A diretora gerente da Moody;s para os Estados Unidos e Américas, Paloma San Valentin, disse que o Brasil representa 60% dos downgrades de notas de crédito que foram realizadas pela agência de classificação de riscos neste ano. Na região, afirma, a tendência é de que downgrades sigam superando os upgrades.

Paloma disse em apresentação na 17; Conferência Anual da Moody;s que o cenário de deterioração do crédito deve ser prolongado para a região. "Infelizmente as condições de crédito devem ainda piorar antes de melhorar", disse lembrando que hoje há muitos setores negativamente afetados pelo contexto da economia mundial, de fraco crescimento global, menor atividade da economia chinesa e desvalorização cambial em muitos países. Tendo em vista esse panorama, ela lembra que as emissões de dívida por parte das companhias devem permanecer fracas até o fim deste ano.



Ela explicou que na região as instituições financeiras possuem uma exposição mais limitada do que as demais, mas ponderou que existe algum impacto em função do menor crescimento das economias e por conta dos empréstimos realizados a empresas de crédito de pior qualidade, além do cenário inflacionário. No setor não financeiro, o segmento industrial se mostra mais frágil, principalmente aqueles que estão enfrentando menores preços das commodities, caso do setor de óleo e gás.

No entanto, a diretora da Moody;s destaca que os efeitos são diferentes nos setores e lembrou que em papel e celulose e em proteínas o momento se mostra positivo, com as empresas saindo beneficiadas da depreciação da moeda local, entre outras razões.

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