Economia

Secretário-geral da OCDE critica a corrupção

Angel Gurría, em entrevista ao Correio, disse que as ilegalidades em compras que vêm sendo encontradas no Brasil não são responsáveis pela queda do Produto Interno Bruto (PIB)

Paulo Silva Pinto
postado em 03/11/2015 12:01
O secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) , o mexicano Angel Gurría, disse na manhã desta terça-feira (3/11) que a corrupção aumenta os preços pagos por governos em suas compras em 20%, mas, em muitos casos, o acréscimo pode chegar a 50%. "A tolerância com a corrupção tem de ser zero", afirmou ele em português na abertura de um seminário sobre o tema no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), realizado em cooperação com a instituição internacional.

Para o presidente do Cade, Vinícius Marques de Carvalho, "os cartéis são um problema endêmico no Brasil". "A sensação que temos é de que é um dos principais problemas para as contas públicas do país". O órgão criou uma área para se dedicar exclusivamente a esse assunto.

Mais tarde, em entrevista ao Correio, Gurría disse que as ilegalidades em compras que vêm sendo encontradas no Brasil não são responsáveis pela queda do Produto Interno Bruto (PIB), que deverá chegar a 3% neste ano. "É necessário punir todos os culpados. Não importa se uma construtora ou outra empresa terá problemas por conta disso. É um efeito marginal. Não é isso que fará o PIB brasileiro cair", afirmou.



Gurría não quis dar detalhes sobre a avaliação da conjuntura econômica brasileira, pois a OCDE e o Ministério da Fazenda vão lançar amanhã um estudo sobre o tema. Fez apenas comentários genéricos. "Há fatores internos e externos para isso. Um país como o Brasil, que está se abrindo para o mundo, naturalmente sofre com a situação da econômia global. Mas, como não é possível ao Brasil resolver os problemas externos, deve focar nos internos", afirmou ele, sem especificar quais os que considera mais relevantes.

Para Gurría, o Brasil deveria aumentar a concorrência nas licitações, eliminando exigências como conteúdo nacional. "Isso faria as empresas brasileiras investir mais em pesquisa, e fariam com que fossem mais competitivas internacionalmente".
Somente nos países membros da OCDE, os mais ricos do mundo, são gastos US$ 4,3 trilhões por ano em compras governamentais.

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